Por: Aldo Ribeiro – Economista e progressista. Um sonhador.
Assisti ao filme Coringa no último domingo e saí da sala de cinema extasiado, em transe, chocado, ou coisa parecida. Um obra de arte. Uma atuação digna de Oscar com muita folga. O filme é perturbador, mas não no sentido de sair por aí insano e irresponsável. Muito pelo contrário. É perturbador porque entramos na mente do personagem, e passamos junto com ele por toda a transformação, até ser o Coringa de fato. Cria-se uma empatia. Você sente a dor e a angústia dele. Lamenta por ninguém tê-lo estendido a mão. Ele pediu ajuda e o estado o abandonou. A sociedade doente, o desprezou. Não o enxergou. O meio o transformou num psicopata sanguinário e sem piedade. Sim, o homem é produto do meio. Sim, o filme tem abertura pra uma reflexão política. Retrata um mundo não muito distante da vida de quem vive na base.
Na nossa vidinha real, em que somos obrigados a triunfar, e triunfar nesse caso significa ter dinheiro, poder e sucesso, 322 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo. 800 mil pessoas cometem suicídio todos anos. Nesse momento, incríveis 821 milhões de pessoas passam fome no planeta. O fracasso do sistema está aí escancarado nos números. Pra quem quiser ver. Vivemos numa sociedade doente e absurdamente cada vez mais desigual. A tal da “mão invisível” e o mercado auto regulável, nunca chegaram por aqui. Alguém viu? Meritocracia e igualdade de oportunidade habitam galáxias diferentes.
A concentração de renda só aumenta. Os vinte e seis homens mais ricos do mundo, concentram um patrimônio equivalente ao de 3,8 bilhões de pobres do mundo. Isso é justo? A verdade é que caminhamos à passos largos, talvez em poucas décadas, rumo ao colapso do sistema. E, caso não haja uma guinada não diria à esquerda, pra não polemizar inutilmente o debate, mas uma falo de uma guinada de consciência de classe, do nosso papel dentro da sociedade, seremos gradualmente assepsiados.
Temos uma nova guerra fria em curso. A guerra comercial dos EUA x China, que já interfere terrivelmente na economia global, e pode gerar uma recessão mundial de proporções gigantescas.
Fica a provocação aos ditos liberais. Em que a lógica do capitalismo americano imposta ao resto do mundo, é melhor do que o comunismo chinês? Qual dos dois é o mais próximo de uma sociedade justa? Veja bem, tenho consciência das anomalias da economia de mercado chinesa. Mas e as anomalias desse capitalismo a que somos submetidos? Vale a reflexão.
Ah, e assistam Coringa. O filme é sensacional.
2 Comentários
“Ricos cada vez mais ricos, pobres cada vez mais pobres” Karl Marx
A derna sociedade burguesa, emergente do naufrágio da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Ela apenas colocou novas classes, novas condições de opressão, novas estruturas de luta no lugar das antigas.
A nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se, contudo, pelo fato de ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade toda cinde-se, mais e mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes diretamente confrontadas: burguesia e proletariado.
A burguesia arrancou às relações familiares o seu comovente véu sentimental e as reduziu a pura relação monetária.
A burguesia vem abolindo cada vez mais a fragmentação dos meios de produção, da posse e da população. Ela aglomerou a população, centralizou os meios de produção e concentrou a propriedade em poucas mãos. Consequência necessária disso tudo foi a centralização política. Províncias independentes, quase que tão somente aliadas, com interesses, leis, governos e sistemas aduaneiros diversificados, foram aglutinadas em uma nação, um governo, um interesse nacional de classe, uma fronteira aduaneira.
Na mesma medida em que a burguesia, isto é, o capital, desenvolve-se, desenvolve-se o proletariado, a classe dos modernos operários, os quais só subsistem enquanto encontram trabalho, e só encontram trabalho enquanto o seu trabalho aumenta o capital. Esses operários, que têm de vender-se um a um, são uma mercadoria como qualquer outro artigo de comércio e, por isso, igualmente expostos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as oscilações do mercado.
a burguesia fede, a burguesia quer ficar rica, enquanto houver burguesia , não haverá poesia. “Cazuza”