opinião

O NASCIMENTO DO JORNAL A UNIÃO

14 de fevereiro de 2021

RAMALHO LEITE

Era uma quinta feira, 2 de fevereiro do ano de 1893, quando o Partido Republicano do Estado da Parahyba fez circular a primeira edição de A União. Na capa, os editores pediam aos seus leitores, “o obsequio de devolvel-o á respectiva typographia” no prazo de três dias. Na edição inaugural, o novo órgão de imprensa traçava o seu perfil e, se identificava, como veículo político-partidário disposto a defender a agremiação e seus integrantes. O jornal e o partido eram um só corpo e um só espírito. Por isso, se dirigiu ao público leitor “não para anunciar qualquer nova transformação mas para configurar os motivos de sua origem, as formulas que condensaram os seus primeiros pensamentos, suas aspirações, no começo vagas, depois francamente definidas e encorpadas aos caracteres que dirigiam o movimento. A única modificação que lhe anunciamos, é a creação d´esta folha, poderoso meio externo da cohesão e disciplina partidária. Iremos á luz da imprensa, visitar os arrayaes de nossos amigos, e crear-lhes um centro de intelligencia, e de conselho. Iremos a mesma luz prestar nossa decidida cooperação ao illustre administrador do estado, o exm.sr.dr. Alvaro Lopes Machado. O nosso apoio igualmente ilimitado, e sem nenhuma reserva extenderemos ao benemérito governo da União, e ao glorioso chefe da Republica, Sr. marechal Floriano Peixoto”.
No primeiro número do periódico, temos conhecimento de que, naquele ano de 1893 era Chefe de Polícia da Paraíba o dr. Antonio Ferreira Baltar; seu irmão, de nome Abílio Ferreira Baltar, nomeado Fiscal, realiza a primeira extração da Loteria, à época, uma concessão particular entregue a um felizardo chamado Bernardino Lopes Alheiros. O primeiro delegado da Capital era Francisco Chateaubriand Bandeira de Mello. O Assis, do mesmo sobrenome e criador dos Diários Associados, tinha, então, um ano de idade. A denominação do jornal deve-se à união dos próceres dos velhos partidos, ao novo Partido Republicano comandado por Álvaro Machado. “No intuito de j ustificar o nome desta folha” foi relatada com detalhes a reunião de criação do novo partido realizada no Palácio do Governo, quando “duas ordens de cadeiras foram insuficientes para acomodar os convidados”. Foi designada uma comissão provisória para comandá-lo, eleita, democraticamente, entre os presentes ao evento.
O governador Álvaro Machado asseverou “que não tinha vindo a Paraíba se não para reconstruir o que fora demolido e por em ordem o que fora desorganizado”. No campo partidário desejava juntar os bons elementos de outros partidos e “fundi-los em um só, compacto e disciplinado”. A votação, apurada entre outros por Artur Aquiles e Tomaz Mindelo, proclamou como escolhidos para a primeira diretoria do Partido Republicano os srs Diogo Sobrinho,Eugenio Toscano,Gama e Melo,Moreira Lima e José Evaristo, os mais votados.Os srs Targino Neves e Cunha Lima, de Bananeiras e Areia, respectivamente, ficaram na suplência juntamente com outros nomes de rua menos votados.< br /> E encerra sua narrativa o jornal A União: “Servido em seguida um agradável copo de cerveja, retiraram-se os convidados plenamente satisfeitos, não só quanto ao cavalheirismo de trato do honrado governador, como em relação à phase de verdadeira actividade política, iniciada por tão solene reunião”. Estava fundado o Partido Republicano do Estado da Parahyba e o seu porta-voz, A União.(Mantive a grafia da época, nas transcrições)

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1 Comentário

  • Reply JOSÉ PAULO 14 de fevereiro de 2021 at 10:15

    Para complementar essa matéria, o escritor deveria ter informado ao distinto público leitor que o fundador do Jornal A UNIÃO foi o paraibano TITO SILVA, proprietário da Fábrica de Vinhos TITO SILVA & Cia., localizada na Rua da Areia 27, João Pessoa-PB. A fábrica tinha como “carro chefe” o famoso Vinho Celeste que além de ser consumido no Brasil, era, também, exportado para a França. A fábrica foi fechada e o prédio é tombado pelo IPHAEP/IPHAN. Na década de 1980 retiraram o nome de TITO SILVA da capa, como fundador do Jornal, crime imperdoável.

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