Meu amigo Rafael é exímio pintor de paredes. É um artista. Transforma qualquer ambiente em obra de arte. Por muitos anos trabalhou na Granja do Governo do Estado. E foi dele que ouvi a narrativa que vai transcrita, com meus enfeites, é claro, logo abaixo.
Era o Governo de Ronaldo Cunha Lima.
Rafael ajeitava o tronco de uma palmeira na Granja Santana, pelas 10 horas de um distante domingo, quando ouviu um psiu. Olhou e viu que era o governador. Aproximou-se respeitosamente e o governador perguntou-lhe se conhecia a Feira de Oitizeiro. Conhecia. Foi, então, convidado a acompanhar a autoridade até lá. Aceitou a missão. Saíram, os dois, meio que escondidos pelo portão que dá acesso à Beira Rio. O opala preto da granja levou-os à feira. E Rafael, surpreso, notou que o governador era velho conhecido do local.
Saíram do carro e o governador danou-se a dar palmadas nas costas de um, apertar a mão de outro, a todos cumprimentando e chamando pelo nome. Os cumprimentados, por seu turno, chamavam o governador de Ronaldo na maior das intimidades. Chegaram a barraca de uma morena gorda, a gorda Lourdes, Ronaldo sentou, uma roda se formou, veio um suculento prato de mocotó, outro de buchada, seguidos de pimenta vermelha num frasco grande de vidro e cachaça, cachaça de litro.
A turma bebeu e comeu até às 15 horas. Aí o governador convocou o companheiro de viagem, despediu-se, os dois entraram no opala e o chefe perguntou se Rafael sabia dirigir. -Sei aprumar!”, respondeu o nosso herói. “Pois então aprume até a granja”, ordenou Ronaldo. Rafael aprumou, orgulhoso, o volante do carro enorme para ele. E se foram os dois, conversando alegremente. Pareciam dois pariceiros.
Lá, depois de guardarem o carro, saíram de fininho, pelos aceiros, feito meninos ruins que fizeram travessuras, indo cada um para seu canto, sem que ninguém tivesse notado a aventura.
1 Comentário
Eita Tião, será que o filho dele não vai achar ruim, pode até dizer que estais chamando o pai dele de cachaceiro, sei não, acho que vem bronca por ai!!!
Cuidado!!!