Marcos Pires
Vem do México a ideia de dar ao povo o direito de eleger através do voto direto desde Juízes até os Ministros da mais alta corte de justiça de lá.
A escalafobética iniciativa está em curso, já foi aprovada pelo senado mexicano e depois de mais uns maneirismos enfim haverá a concordância presidencial com a publicação do que a mim parece no mínimo estranho.
Vamos lá.
Não conheço qualquer país ao redor do mundo que tenha adotado esse sistema, de onde me veio o questionamento sobre a razão de ser da reforma do judiciário mexicano. Alegam os políticos que essa mudança proibirá o nepotismo e os altos salários pagos aos atuais magistrados. Bacana, porém não haveria necessidade de mergulhar num oceano de incertezas (para uns) ou no reino abissal da corrupção, no meu sentir, para combater essas práticas nojentas.
Isso porque, caso os meus cultos leitores não lembrem, é no México que operam os mais violentos carteis do planeta. Ora, se aqui no Brasil, recém chegado a esse clube da maldade, a maior preocupação da justiça eleitoral é exatamente a influência do crime organizado no nosso processo eleitoral, os cidadãos mexicanos estarão à disposição dos traficantes para serem ameaçados, chantageados e assassinados caso não votem nos candidatos a magistrados que os bandidos indicarão. Candidatos do agrado dos malfeitores é que não faltarão porque basta terem sido aprovados em qualquer faculdade de direito (eu disse QUALQUER faculdade, principalmente aquelas…vocês sabem, né?) como nota acima de 8 ou terem 5 anos de experiência profissional na área para estarem habilitados aos cargos.
Existem muitos outros que tais, entre os quais a possibilidade dos atuais Juízes e Ministros poderem se candidatar nas próximas eleições.
Balela.
Como um magistrado sério, honrado e infenso a chantagens vai poder concorrer com um candidato apontado pelo mundo do crime quando os eleitores não estão nem aí para o passado dos concorrentes, mas sim preocupados com o seu futuro frente as ameaças dos violentos carteis mexicanos?
Não, isso não pode e não vai dar certo.
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