opinião

O PSICÓLOGO

25 de agosto de 2024

 

Por GILBERTO CARNEIRO

EM ALGUM momento da sua vida você fez ou faz terapia? Por um determinado tempo interpretei erroneamente que a terapia, ou melhor, a psicoterapia somente seria necessária em diagnósticos extremos.

Estava errado. Descobri que fazer terapia é como se entrássemos em um local escuro com uma lanterna. Cada faceta do seu ser vai sendo “iluminado e conhecido” e assim será possível lidar melhor com a sua existência. Afinal, como lutarmos contra os monstros internos que nos afligem se não conhecermos as armas e os recursos disponíveis?

Muitas pessoas não conseguem compreender as perturbações psíquicas. A depressão, por exemplo, ainda é vista como preguiça ou vagabundagem. Submeter-se a um processo de psicoterapia, muitas vezes, é encarado como uma espécie de fraqueza ou de distúrbios mentais. – ”É coisa de gente doida, de louco”.  Dizem os incautos. Mas qual o conceito de loucura?  Na obra “História da loucura” de Michel Foucault, o autor discorre sobre como aquilo que conceituamos como loucura foi sendo construído ao longo da história. O filósofo defende que o que chamamos de loucura não é algo necessariamente biológico, mas sim reflexo de valores de determinada sociedade, ou seja, o conceito de loucura é expansivo e, em muitas situações usado com o propósito deliberado de escamotear a verdadeira loucura que se esconde na faceta daquele que possui o hábito de estigmatizar os outros como “loucos”.

A psicoterapia é importante para todas os seres humanos, independentemente de serem portadoras de algum transtorno psiquiátrico grave ou não. Por meio dela, o autoconhecimento é a via possível. Durante as sessões, as pessoas começam a falar de si e percebem como funcionam. O terapeuta vai ser de extrema ajuda a guiar nesse processo que não é nada fácil. Tanto um como o outro estão caminhando lado a lado. Um se revela e o outro aponta, assim constroem sentidos únicos para poder compreender a vida do paciente.

Caso fosse legislador empunharia uma bandeira por uma mudança constitucional para estabelecer como política de saúde pública o direito fundamental de acesso individual a um profissional da área da Psicologia, independente de sexo, cor, religião e obrigaria as escolas públicas e particulares possuir, em seus quadros, profissionais da área de psicologia numa proporção de um profissional para cada grupo de, ao menos, trinta alunos matriculados, isso porque estudos revelam que um em cada três jovens teve ao menos uma experiência estressante ou traumática na infância, incluindo experiências como o divórcio dos pais ou um membro da família envolvido com problemas relacionados a drogas ou álcool. Esse resquício, em muitas vezes se estende para a vida adulta e a terapia seria uma forma desses jovens buscar o autoconhecimento e se libertarem desses traumas.

Minha vida nos últimos anos não tem sido fácil, foram muitos os traumas. Não fosse a minha fé em Deus; o apoio incondicional da minha esposa, Ana Patricia, que amo incondicionalmente; o amor das minhas filhas; a força da minha mãe; a união dos meus irmãos; alguns poucos amigos; e claro, da terapia, teria sucumbido. Não me envergonho desta declaração; ao contrário, faz algum tempo que faço uso desse processo dialético das ciências psicológicas e me considero uma pessoa muito melhor sob o ponto de vista do autoconhecimento. Isso ajuda não apenas a mim diretamente, mas a minha família também. As sessões são contínuas e nos fortalecem para enfrentarmos os “leões” com os quais digladiamos todos os dias. Meu psicólogo, Dr. Alcivan Pereira – @psicologo_alcivan, profissional com vasta experiência na terapia cognitivo-comportamental (TCC), vem me apontando técnicas para gerenciamento das minhas emoções e controle do estresse, me auxiliando a encontrar meios saudáveis de lidar com os desafios diários, aumentando minha resiliência emocional, afinal como faz questão de enfatizar: – “quem define os sonhos, os projetos, os objetivos a serem alcançados é você”.

Tião Lucena, com seu jeito literário que nos faz chorar copiosamente, um dos poucos remanescentes que orgulho de ostentar na minha parca lista de amigos,  princesense septuagenário sem papas na língua, referenciou o dia do meu aniversário. Todavia, a felicitação e a coluna dominical homenageiam hoje os psicólogos, profissionais destemidos que tanto contribuem para a nossa higidez mental, mas ainda pouco reconhecidos. Dia 27 de agosto é o Dia do Psicólogo e aproveito para em nome da minha querida irmã, que tanto se orgulha da sua profissão, saudar todos os profissionais do campo da Psicologia. Parabéns Creuza, sempre carrego comigo uma frase que você incorpora no exercício da sua profissão: – “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” Carl Jung.

 

 

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2 Comentários

  • Reply Paulo Fernando Menezes Almeida 25 de agosto de 2024 at 07:55

    Parabéns pelo aniversário e pelo excelente texto, a coragem e a humildade como relata sua luta, o engrandece demais perante os “olhos de Deus” e dos verdadeiros humanos. Sua inteligência ímpar, sua fé e determinação, e a humildade haverão de fazê-lo novamente um grande vencedor. Continue cultivando sempre a esperança, os sonhos para o bem com muita fé, que haverá de colher os frutos de uma colheita abençoada. Inteligência não lhe falta e o futuro tá bem ali na frente. Abraço…

  • Reply Jovina Teixeira da Gama 27 de agosto de 2024 at 09:22

    Sempre enfatizo isso nas reuniões Pedagógicas. É urgente a presença de psicólogo nas escolas, são muitas dores e traumas que afetam diretamente a aprendizagem e que nós pedagogos ficamos sem saber conduzir.

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