ATANÁSIO FIDELIS
A primeira coisa que ela diz é que Ferdinand Lassale estava correto em relação ao que defendeu em 1862 numa conferência em Berlim: “Que a constituição de cada nação é mera folha de papel e que a força cogente de uma norma fundamental advém dos fatores reais de poder de cada época”.
Ou seja , a Constituição é usada de acordo com os interesses reais dos poderosos de plantão.
E de fato foi o que vimos .
Primeiro inventaram a prisão em segunda instância para afastar Lula das eleições, mesmo a constituição dizendo que só se pode prender após acabar todos os recursos.
Afastaram Lula , prendendo-o por mais de 500 dias e depois que tiraram ele da disputa presidencial , voltaram a dizer que prisão só após esgotar todos os recursos .
Portanto , de início a decisão de Fachin mostra isso de cara .
Depois , quando, provados por mensagens interceptadas entre juízes e procuradores da lava jato os escândalos e violações de ritos processuais com interesses escusos , políticos , mal feitos , ilegalidades, onde não se sabia mais o que era juiz e acusação , o que era justiça e o que era política, e outras coisas mais que nem vale a Pena aqui aduzir , foi visto que não tinha outra forma a não ser declarar a suspeição do juiz Moro e descredibilizar ainda mais os procuradores da lava jato.
A essa altura não resta mais dúvidas de que Lula foi perseguido , crucificado , violado em suas mais diversas garantias processuais , com anuências de autoridades jurídicas altas , inclusive do próprio Supremo .
Aí vem outro ponto : a decisão de Fachin visou proteger e salvar Moro da humilhante declaração de suspeição e desonestidade pela
Mais alta Corte ?
Não , não veio para proteger Moro , pois Moro já não é mais
nada , não terá nunca mais espaço no Brasil para lugares sérios e importantes .
Há algo muito maior . E Moro, diante desse algo maior, é uma mera gota d’água no meio do oceano, em termos de importância .
A decisão de Fachin por si só humilha , reduz a pó , cospe , machuca e torna Moro um nada menor do nada que já era .
Mas na minha concepção , a decisão de Fachin torna o processo da suspeição de Moro sem mais razão de existir , o que se chama de perda de objeto , já que tudo que ele fez foi declarado nulo e portanto não há mais razão de julgar sua suspeição que já era certo ser declarada . Mas isso foi pra proteger Moro ? Claro que não , pois como disse , Moro não é mais nada .
A decisão visa evitar o julgamento do seu caso para impedir que sejam expostas as vísceras do sistema judicial que estava ou ainda está plantado. Ou seja , o julgamento da suspeição de Moro não era só de Moro, era de todo um sistema , com várias autoridades judiciais e do Ministério Publico graúdas envolvidas e misturadas na política para prejudicar o próprio Lula e para se auto afirmar na política e galgar voos mais altos .
Então, para proteger algo maior , que é a própria institucionalidade do Estado, a própria essência e credibilidade da justiça , foi preciso tomar esse remédio amargo de tornar Lula um quase inocente ou até mesmo um inocente, já que todos os seus processos no mínimo alcançarão a prescrição, já que Moro foi apenas um fantoche em toda essa trama político-jurídica.
Assim , quando viram que tudo estava insustentável , quando a tirada de Lula da jornada presidencial deu o poder a quem aí está, “resolveu-se resolver” da forma como foi, tardia e cheia de mistérios .
Por fim , a decisão mostra um começo de um verdadeiro freio a quem no momento governa.
Tudo mudou e vai mudar ainda mais .
5 Comentários
JUSTIÇA FOI FEITA!
Não, não foi!
Não é essa a justiça que o Lula
desejava.
Lula queria um julgamento justo.
Atanásio, Atanásio! Vc fala a língua dos idealistas. O mundo das Polyanas. Aplaudir Lula, por escapar impune -por enquanto- e tripudiar sobre instituições seculares é insano. Faltou sua voz para clamar por justiça quando um negro favelado, inocente, ficou preso por anos, por falta de bons e caros advogados.
Essa mesma justiça -imperfeita- corrige possível erro de competência de juiz natural. Só não corrige as brechas jurídicas que pouco livram os fracos e desprovidos, mas livram os poderosos e bem providos. Quanto ao Juiz Moro e os que fizeram a “lava-jato”, meus mais profundos reconhecimentos, por ter me oferecido no já final da minha existência de brasileiro, a chance de ver condenados a elite dos assaltantes, travestidos de empresários e políticos.
Um Eduardo Cunha, Cabral, “et caterva” presos, permite a todos os pais desse país dizerem a seus filhos: o crime não compensa!
Ainda hoje, só para os pobres, pretos ou não, os pais podem dizer a seus filhos que o crime não compensa, ao mostrar os pequenos ladrões e traficantes, mortos, torturados, presos sem culpa, em troca de poucos dinheiros!
Atanásio, aproveita o embalo e diz a teu filho: Vai, seja um Lula na vida!
Se engana quem diz que o
ministro Fachim beneficiou
o Lula. Fachim está tentando
“salvar” todas as ilegalidades
praticadas por membros da
lava jato. Fachim está colocando
o Moro em 2022, e restituindo
a ele uma falsa plataforma
política. Fachim está oferecendo
ao país um antidoto venenoso
ao bolsonarismo: o morismo.
Os extremistas da direita podem
ensinar essa lição aos gilhos.
NEW OPERAÇÃO CONDOR 2018: Acho que está clareando a que disse o Presidente Bolsonaro, ao suscitar publicamente que houve fraude nas eleições 2018 . O agente SM Cara de Kadafi e sua capa preta suprema cumpriram a revanche dos yanques. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE: É bastante evidente que houve uma tergiversação com vários objetivos, sobretudo fraude judicial com reflexos danosos no processo eleitoral de 2018.