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O que o advogado de Wallber Virgolino foi fazer na sede do PT antes de entrar com ação que tirou Lula do guia de Ricardo?

5 de novembro de 2020

 

 

FLÁVIO LÚCIO VIEIRA 

“Recebi com indignação e perplexidade a notícia de colaboração entre Anísio e Walber Virgolino para tirar o vídeo de Lula do guia de Ricardo”, disse Antônio Barbosa, nome indicado pela direção nacional do PT para compor a chapa de Ricardo Coutinho (PSB) e apoiado por Lula e outros petistas históricos da Paraíba, como Luiz Couto, Paulo Teixeira, Verônica Oliveira, Almir Nóbrega e Cícero Legal. Todos também ficaram perplexos com o fato. “Anísio extrapolou todos os limites da ética partidária. Inaceitável sua conduta”, continuou Barbosa.

A declaração indignada de Antônio Barbosa tem motivo. É que chegou às mãos da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman, imagens de um encontro no mínimo estranho ― mas nem tanto se considerarmos as suspeitas de aliança informal de Anísio Maia com o Cidadania de João Azevedo e seu candidato, Cícero Lucena, este do Partido Progressista, comandado pela oligarquia Ribeiro na Paraíba.

Anísio Maia, como se sabe, faz parte da base parlamentar de João Azevedo na Assembleia e, claro, tem participação no governo. Diferente do tratamento dado a Luiz Couto, demitido recentemente por conta do anúncio do apoio a Ricardo Coutinho, a candidatura de Anísio não provocou nenhuma reação mais forte de João Azevedo. Pelo contrário, foi até estimulada pelo governador.

QUE ENCONTRO FOI ESSE?

As imagens da manhã da última quinta-feira (29/10) do circuito de segurança da sede do PT em João Pessoa mostram a chegada de Anísio Maia às 10h07.

Na companhia do deputado estava Caio Moura de Arroxelas Macedo, conhecido por Caio Batata, assessor de Anísio e ex-vice-presidente do PT de João Pessoa. Caio Batata foi um dos nove dirigentes que impetraram a ação contra Gleisi Hoffman e o PT para acabar com os efeitos da destituição do Diretório Municipal.

Às 11h14 a sede do PT recebe uma vista inusitada. Um senhor vestindo cinza e de gravata branca é recebido por Caio Batata. Trata-se do advogado Saul Barros de Brito. E não haveria nada demais na visita se o advogado não fosse representante jurídico de outro deputado estadual: o bolsonarista Wallber Virgolino, também candidato a prefeito de João Pessoa pelo Patriotas.

Como bom bolsonarista, o advogado de Wallber Virgolino esquece a máscara e é alertado de que só poderá entrar na sede do PT se tiver usando uma. Saul então volta ao carro, pega sua máscara e entra na sede do PT na companhia de Caio Batata. Os dois vão até a sala onde Anísio se encontrava. Caio entra. Em poucos instantes, sai com um CD e o entrega ao advogado. Às 11h17, Saul de Brito sai da sede e vai embora.

No final daquela mesma tarde, Saul Barros de Brito protocolou na Justiça Eleitoral uma representação contra a candidatura de Ricardo Coutinho propaganda eleitoral irregular, o que causou estranheza a quem não sabia do encontro narrado acima. Por que ao invés o representante legal de Anísio Maia, o advogado Anselmo Castilho, dar entrada na ação para contestar o impactante vídeo em que Lula pede votos para Ricardo Coutinho e desautoriza politicamente a candidatura de Anísio, quem faz isso foi um advogado de um inimigo declarado do PT?

O pedido foi acatado no sábado (31/10) e o vídeo de Lula tirado do ar, como no dia anterior havia antecipado Patrice Maia em um grupo de Whatsapp, prevendo outras penalidades para Ricardo Coutinho: “Acredito que brevemente alguém vai levar uma multa bem fraquinha e ficar sem guia eleitoral”.

Como não foi Anísio Maia a provocar a Justiça Eleitoral, o rapaz já sabia que isso aconteceria. E quem o faria.

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