RAMALHO LEITE
Ainda estudante de direito, Aluízio Afonso Campos pretendia ingressar na política no vizinho estado do sul. A reação familiar e campinense, tornou-o candidato à Assembleia Constituinte Estadual de 1934, abraçando o Partido Progressista da Paraíba, onde José Américo de Almeida pretendia acolher perrepistas e liberais interessados em pacificar o Estado após a revolução de 30. Foi sua primeira investida na política partidária e durou até o Estado Novo dissolver o Poder Legislativo. Em 1950, candidato novamente a deputado estadual, acredita que sua firme posição frente aos trágicos acontecimentos da Praça da Bandeira envolvendo americistas, argemiristas e membros da Policia Militar, resultou na expressiva votação para novo mandato. Não terminaria esse período, licenciando-se para ocupar cargo no setor jurídico do Banco do Brasil. A história política de Aluízio Campos está resumida em “Relógio do Tempo”, memórias precedidas por uma apresentação do seu contemporâneo, o imortal Juarez Farias.
O “Relógio” de Aluízio registra quase todo o seu tempo, inclusive, suas três tentativas de ingressar no Senado. A primeira, em 1962, como companheiro de chapa de João Agripino tendo como adversários Argemiro de Figueiredo, Draut Ernany e José Jofflily . Foram eleitos Agripino e Argemiro. Depois, em 1966 e em 1974, tendo Ruy Carneiro como adversário. Perdeu as tres. Na vez que deveria ganhar, em 1968, quando João Agripino no governo, patrocinou e elegeu Domício Gondim e Milton Cabral, Aluízio não foi convocado. Registra queixa de José Joffily que, sem nunca ter sido do Partido Socialista, dividiu o partido e ajudou a derrotá-lo em 1962. Após a ditadura de Vargas, optou pela UDN e integrou o grupo da Esquerda Democrática. Era a semente para criar na Paraíba o Partido Socialista Brasileiro, que presidiu por muitos anos. Aluízio quando fora de mandatos, atuou na área administrativa e esteve presente na formação de vários órgãos que impulsionaram o desenvolvimento do País, a exemplo do Banco de Desenvolvimento Econômico, Banco do Nordeste e SUDENE, encerrando sua carreira política como deputado constituinte de 1988.
O folclore sobre Aluízio é tão rico quando sua vida pública. Anotei algumas passagens: Na sua última candidatura ao Senado, Aluízio compôs chapa com Clovis Bezerra na primeira suplência. Na ocasião, eu disputava minha primeira candidatura a deputado estadual e rivalizava no brejo com o seu suplente. Aluízio julgou que eu não votaria nele, em função dessa disputa paroquial. Foi até a minha casa, em Bananeiras, à minha procura. Estando ausente, deixou-me um bilhete reafirmando sua confiança no meu apoio. Claro que eu votaria nele! Minha mãe, ao entregar-me o bilhete comentou: – Meu filho, que homem mais esquisito…Enquanto ele escrevia, tinha o olho virado na minha direção….Tranquilizei a minha mãe: – Ele tem um olho de vidro, mamãe!
O ex-prefeito Osvaldo Trigueiro era figura de proa do PSB de Aluízio e, na Capital coordenava a sua campanha para o Senado. Armado o palanque na Praça Tiradentes, na Torre, contratada a banda para animar o comício e a escola de Samba Malandros do Morro, mesmo assim, o público era diminuto. Aluízio reclamou: E o povo Osvaldo? – Ah! Fiz tudo que era da minha alçada. O povo, porém, é com você que é o candidato… O povo, na verdade, elegeu Ruy Carneiro que, certa feita, reclamou: “Não sei o que o Aluízio tem contra mim! Já tentou duas vezes tomar a minha cadeira no Senado!
Aluízio Afonso Campos foi um grande paraibano que o tempo não esqueceu.
1 Comentário
Domício Gondim e Milton Cabral foram eleitos em 1970, e não em 1968.