O sertão perdeu a graça, Mundinho de Nezinho foi embora

A Covid transformou a morte em lugar comum, mas nem assim deixei de levar um choque com a notícia da morte de Mundinho.

Mundinho de Nezinho era um companheiro de boas conversas, de gratas recordações, de causos engraçados, de inesquecíveis tertúlias.

Quando chegava em Sousa, minha primeira passagem era no Calçadão, onde Mundinho já estava ao lado de Zé Alan, Ademar Nonato e outras figuras queridas da cidade. Ali as histórias fluíam, as gozações eram ditas sem censuras prévias e as gargalhadas enchiam os céus do sertão.

Embora tenha sido coletor em Princesa, só conheci Mundinho em Sousa, quando por lá passei umas chuvas trabalhando como Procurador do Estado.

Ele já me conhecia das leituras do jornal. E quando nos aproximamos, parecia que a amizade tinha nascido lá nos longes de Princesa, nos bares e cabarés sertanejos.

A geografia nos separou, dele tinha notícias esporádicas ltrazidas por Eilzo, por Zé Alan, por Ademar e até por Johnsim Abrantes.

Hoje veio a lapada. João Vicente foi quem primeiro soube, me transmitiu, corri a conferir com os dois mais chegados de Sousa, Alan e Ademar, ambos confirmaram, falaram que o coração dele parou na tarde desta terça e ele foi transportado para o infinito das eternidade.

Aí o lugar comum da morte me chocou como se lugar comum não existisse. Eu achava que Mundinho, que sempre riu de tudo, mangaria da morte até ela se cansar e esquecer dele.