Marcos Pires
Não acredito que em qualquer outro país exista um povo que converse, opine, conheça, elogie ou meta o cacete em suas cortes supremas tanto quanto o povo brasileiro. Vamos aos fatos; pergunte a qualquer um o nome de cinco dos onze jogadores da seleção brasileira de futebol. Veja que estou tratando da paixão nacional. Com muita sorte o arguido declinará três jogadores. Em seguida pergunte a essa mesma pessoa o nome de cinco dos onze Ministros que compõem o STF. Dificilmente ela deixará de dar a escalação completa com nome e sobrenome de todas as onze Excelências. Alguns chegarão ao requinte de destacar quem joga em qual posição, porque dividem a corte entre os que são contra e os que são a favor de Lula, os que falam demais, os que perdem todas as votações e ainda apelidam Ministros dos quais não lembram o nome, como o careca, a maguinha, a galega, o beiçola e por aí vai.
Seria muito saudável esse conhecimento se viesse acompanhado da juridicidade que o tema impõe. Mas estamos no Brasil. Aqui tudo é motivo de paixões exacerbadas, de argumentos absurdos. E quando esse tema é motivo de conversa de bar? Aí rende, viu? Tomo como exemplo o bar do Zuca, cujo proprietário afixou uma placa no seu estabelecimento: “Não tenho clientes, tenho dependentes químicos”. Como eles sabem que sou advogado, vez por outra me chamam quando estou comprando frutas na loja vizinha. Gíl é um deles: “-Ô Doutor, porque é que aquela ruma de sabedoria ao invés de jogar conversa fora não chama os políticos que fizeram a Constituição e perguntam o que foi que eles quiseram dizer? Porque ainda tem um bocado daquele povo vivo, né?”. O problema é que são vivíssimos, amigo. Já o compadre Z. tem uma tese incrível. Ele acha que da próxima vez que os políticos fizerem um “servicinho” desses (olha só o tamanho do respeito pela Constituição), deveriam explicar tudo bem direitinho para não haver brechas. “-Por exemplo; não matarás! Tem que explicar as formas de matar, né? Senão os Ministros vão achar que até soluço é arma”.
Notaram que para os brasileiros tanto faz a Constituição como os Dez Mandamentos? E tem as torcidas; quem é a favor dos Ministros Fux e Faquim odeia Gilmar e Lewandowski. Fazem apostas altas em dinheiro sobre os julgamentos. A continuar assim o futebol corre seríssimo risco. Dia virá em que um ingresso para julgamento no STF valerá quatro vezes mais do que um camarote do Maracanã em uma final disputada pelo Flamengo.
2 Comentários
Será que pelos fatos, alguém ignora que esse supremo é Garantista de impunidade para os corruptos amigos de colarinho branco, e rasgam a constituição toda vez que lhes for conveniente? Pudera, basta vem que os nomeou para o Olímpo.
JÁ PODEMOS MANDAR ALGUNS PARA A VENEZUELA ?????