opinião

OLÍMPIADAS E DIVERSIDADE

28 de julho de 2024

 

Por GILBERTO CARNEIRO

 

UM ESPETÁCULO. É assim que defino a abertura dos jogos olímpicos 2024 em Paris, na França. Acostumado com as cerimônias maçantes fechadas nos estádios, esta inovou ao levar para as águas do rio Sena a maior parte do evento, com as delegações desfilando em barcos e passando ao lado dos grandes monumentos de Paris, a exemplo da Catedral de Notre Dame, Jardins das Tulherias, Ponte de Austerlitz, Trocaderó, Torre Eifel e Museu do Louvre.

 

A cerimônia seguiu um roteiro dividido em 12 partes, cada uma representada por uma palavra que encarna ou o espírito olímpico, ou a alma francesa inspirada no lema da Revolução: Liberté, Egalité e Fraternité. Inserido neste espírito de justiça social predominou a Diversidade, palavra de ordem que deve prevalecer em um mundo de diferenças e semelhanças que define pessoas, as tornando únicas de acordo com sua etnia, gênero, orientação sexual, deficiência, religião ou nacionalidade.

 

E o esporte tem tudo a ver com Diversidade. Diversidade e inclusão no esporte são importantes por vários motivos. Em primeiro lugar, promovem a coesão social e constroem comunidades mais fortes. Os esportes têm o poder de unir pessoas de diferentes origens, culturas, crença, gênero, religião ou orientação sexual.

 

E o que não faltou na cerimônia foi Diversidade. Um dos barcos mais aplaudidos pelo público foi o da Delegação de Refugiados, que foi um dos primeiros a “desfilar” pelas águas do Rio Sena. O grupo de 36 atletas representa todos aqueles que foram forçados a ir embora dos seus países de origem e competem nos Jogos sem representar uma nação específica.

 

A delegação do Brasil mostrou bastante animação ao desfilar nas águas do Rio Sena. O barco do Brasil, chamado Bel Ami, foi o 29º a passar pelo tradicional canal parisiense e contou com 50 atletas, entre eles, o canoísta Isaquias Queiroz e a atleta da seleção feminina de rugby de sete Raquel Kochhann, que foram os porta-bandeiras responsáveis por conduzir a bandeira do país. Os atletas, por conta da chuva, e para se pouparem, não permaneceram no evento após o desfile, gerando críticas dos internautas classificando a atitude dos atletas como deselegante.

 

Paris é a cidade da Diversidade, importante global, geopolítica e turisticamente. Uma linda viagem cinematográfica pela bela cidade, com muita arte, ousadia, explorando as suas belezas extraordinárias. O evento fugiu do padrão e quebrou o protocolo, mas poderia ter mostrado mais. Faltou energia, vibração e integração com os milhares que foram assistir de perto ao evento, sentados na grama, no chão e, quando houve, em cadeiras. A chuva, neste aspecto, prejudicou muito.

 

Durante toda a cerimônia, o público pode acompanhar um misterioso carregador da tocha olímpica levar a “chama sagrada” pelos telhados de Paris. Ousando e abusando das manobras de parkour, o mascarado, que não teve sua identidade revelada, atravessou a capital francesa pelo alto até chegar à Torre Eiffel.

 

Este é o fato curioso. O mascarado não foi revelado, despertando curiosidades sobre quem seria e estimulando muitos a deduzir que sua identidade será revelada apenas na cerimônia de encerramento, e quem sabe simbolize em sua pessoa o símbolo da Diversidade, das diferenças, da nossa necessidade de convivência com as diferenças.

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