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Oportunidades perdidas

31 de março de 2019

Marcos Pires

Com certeza já aconteceu com você, querido leitor. Ao menos uma vez você lamentou uma oportunidade perdida.

Um exemplo? Você quer vender um automóvel ou um imóvel, passa um tempo enorme oferecendo por um determinado valor e ninguém se interessa, até que finalmente consegue um comprador. No dia seguinte, ao comentar sua sorte em ter finalmente encontrado quem comprasse aquele carro ou casa pelo tal valor, o seu interlocutor acaba com sua alegria: “- Mas rapaz, por que você não me falou que queria vender? Tenho um cliente que pagaria tranquilamente 30% a mais”.

Muitos amigos meus, depois de ultrapassarem a barreira da meia idade, são surpreendidos naqueles encontros anuais de ex-alunos, com as colegas de escola que eram objeto de sonhos e paixões (mas que a timidez não permitia abordar) revelando-se interessadas também. Eu mesmo coleciono umas quantas alunas de minhas classes no ginásio a quem confessei, depois de velho, ter uma caída de asa pelas ditas cujas. A raiva que dá é quando a resposta vem: “-Mas olha só, eu te achava muito bacana, teria dado certo, né?” . Claro que não teremos jamais como saber; cheios de netos, rugas, estrias e muitas partes moles (de ambos os lados) como estamos agora. Mas dá uma tristeza enorme o reconhecimento das oportunidades que perdemos porque não tentamos.

Tem pior? Tem sim.

Eu tenho uma história terrível. Sempre fui muito ousado, sempre pensei longe. A isso somaram-se minhas leituras infantis, principalmente Júlio Verne e seus foguetes e submarinos, inventos que só aconteceriam muitos anos depois de imaginados por ele.

Pois eu queria inventar uma maneira das pessoas trabalharem em casa. É que meus pais saiam de manhã cedo e só voltavam à noite. Até nos fins de semana eles estavam na loja, arrumando mercadorias, fazendo modificações no estoque…enfim, eu e meus irmão sentíamos muita falta deles, mesmo tendo todo tipo de luxos e brinquedos. Daí esse meu pensamento de manter as famílias unidas até nas horas de trabalho. Eu sabia o que queria mas não sabia como. Hoje em dia eu vejo que a minha ideia de criança está tomando forma. É que eu pensei a internet 50 anos atrás. Só que antes eu deveria ter inventado os computadores.

Por conta de pequenos detalhes como esses é que ainda não fiquei milionário.

 

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