Por Frutuoso Chaves
A Paraíba tem 25 cidades com nomes de santos. Na verdade, são 17 santos e oito santas. Vamos começar por estas. A lista inclui Santa Cecília, Santa Helena, Santa Inês, Santa Luzia, Santa Rita, Santa Terezinha, Santana dos Garrotes e Santana de Mangueira. De quebra, ainda há uma Santa Cruz. Três dos nossos municípios recebem o nome de São João, o santo cuja celebração deu-se, há pouco, em todos os recantos do País com fogueiras, foguetório, muita dança e muita comida. Bebida, também, por que não? Dos santos juninos, eis que Pedro vem surgindo: tem o dia celebrado em 29.
Por aqui, João perde para José, festejado em março, no quesito dos topônimos. Em solo paraibano, há São José da Lagoa Tapada, São José de Caiana, São José de Espinharas, São José de Piranhas, São José do Bonfim, São José do Brejo do Cruz e São José dos Cordeiros. Os “Joões” são os do Cariri, do Rio do Peixe e do Tigre. Mas é o São João do Carneirinho, o personagem principal das festas juninas, o tema desta conversa.
Contam que a imagem do menino lourinho, de cabelos encaracolados, vestes precárias (não mais do que uma pele de camelo, ou cordeiro, com alça sobre um dos ombros e o outro nu) advém do Século 19, na Europa, quando o catolicismo já se havia apropriado das celebrações conhecidas, milenarmente, desde os povos tribais.
Pagã, em sua origem, a festa celebrava o Solstício de Verão, o mais longo dos dias de sol e, assim, estava associada à fertilidade da terra e ao tempo da colheita. Danças e cantos, sim, mas em volta de fogueiras então acesas para afastar os maus espíritos.
Desembarcados no Brasil, os festejos juninos logo cairiam, de Norte a Sul, no gosto popular. As fogueiras originais aqui espantariam as noites mais frias nos arraiais propriamente ditos e, ainda, naqueles instalados no coração de todas as cidades, grandes ou pequenas, para o reinado do milho verde, da pamonha, da canjica e das quadrilhas herdadas dos bailes franceses do Século do Século 18. Foi quando o “en avant tous” transformou-se em “alavantu” e o “en arrière” virou “anarriê”.
Antes que os sertanejos do agronegócio com suas guitarras, suas canções melosas (as tais sofrências) e seus cachês milionários invadissem a festa, os que mandavam no terreiro eram a sanfona, o triângulo e o zabumba. Mas essa é outra história. Vamos, então, à do santo do dia.
Primo de Jesus, São João veio ao mundo dois anos antes do nascimento daquele a quem batizaria e anunciaria ao mundo como “o Cordeiro de Deus”. Daí, o carneirinho da imagem que todo brasileiro conhece independentemente da região onde viva. “Ecce agnus Dei”, teria dito o jovem João do primo mais novo que então se aproximava da margem do Rio Jordão, onde o batismo ocorreria. “Eis o cordeiro de Deus”, diria, assim, em latim, se latim falasse. Os estudiosos da matéria garantem que ambos falavam aramaico.
É bem estrelado o céu da imagem do pequeno João. Fosse nordestino quem a concebeu teria, certamente, acrescido um ou dois balões. Houve um tempo no qual estes eram politicamente corretos. Não provocavam incêndios na mata nem, é claro, em refinarias.
O cajado, na mesma tela, tanto pode servir ao sustento da faixa “Ecce agnus Dei” quanto à representação do papel e da missão evangelizadora conferidos pelos Céus àquele advindo ao planeta antes de Cristo.
Gosto dessa imagem desde os meus dias de menino. E a ela mais me afeiçoei no período da adolescência, tempo em que todos nós, de peito aberto para as primeiras paixões, torcíamos para que o santo nos acendesse a fogueira do coração, tal como na modinha. Quem não lembra desses versos: “O balão vai subindo/Vem caindo a garoa/o Céu é tão lindo/A noite é tão boa/São João, São João/Acende a fogueira do meu coração”. A todos, uma boa festa, posto que o calendário perde folhas e elas continuam.
1 Comentário
EM SOLÃNEA O SANTO PADROEIRO E SANTO ANTONIO. NÃO GOSTO MUITO DELE, NÃO E DIGO O MESMO EM RELAÇÃO A SÃO JOÃO E SÃO PEDRO PORQUE, POR MEIO DOS SEUS FANÁTICOS SEGUIDORES, MAL ORIENTADOS OU SEM ORIENTAÇÃO DOS LÍDERES RELIGIOSOS, ADORAM EXPLOSOES DE FOGOS QUE MUITO INCOMODAM AOS IDOSOS; ENFERMOS , MESMO AS PESSOAS SAUDÁVEIS. SÃO TERRÍVEIS EM RELAÇÃO AOS ANIMAIS E À NATUREZA DE MODO GERAL. PREFERIRIA EU, QUE O SANTO PADROEIRO DE SOLÃNEA FOSSE SÃO FRANCISCO, AMIGO DA NATUREZA E DOS ANIMAIS, INCLSUSIVE DOS ANIMAIS HUMANOS BESTIALIZADOS PELA IGNORÂNCIA PRÓPRIA, DEIXANDO-SE CONDUZIR POR LÍDERES RELIGIOSOS QUE, OCIOSOS, UTILIZAM-SE DA FALTA DE SENSO DOS FIÉIS PARA TRANSFORMÁ-LOS EM MERCADORIA PARA TROCAR POR PODER E POR INTERESSES COMERCIAIS. ALIAS, SOBRE RELIGIOSOS PRESCIDÍVEIS POR NÃO TEREM UTILIDADES PARA OS CRISTAOS E QUE TORNAM-SE ABSOLUTAMENTE DESCARTÁVEIS NAS VIDAS DAS PESSOAS, QUE SÃO MAIS CHEGADOS AOS SALOES DE FESTAS DOS GRANDES E AOS SEUS CARGOS OFERECIDOS, FAÇO SUGESTÃO DA LEITURA DO LIVRO “AS MEMÓRIAS DO PADRE GERMANO”.