Por GILBERTO CARNEIRO
Gosto dos jovens. Aprecio estar no meio deles, mesmo que as vezes fique um pouco ao largo. A juventude desperta a curiosidade em entendermos situações modernas; de nos fazermos voltar e subir no topo do tempo para compreender como seríamos se fossemos eles “ontem” e à hipótese dos jovens ser nós “hoje”.
Imagine voltarmos um ciclo imbuídos do espírito da juventude de hoje e conversarmos com nossos pais e avós usando a linguagem característica atual dos jovens: “(…) pai, ‘sabe, tipo’, vou completar 18 anos, queria ganhar um carro, ‘tipo, sabe’, poderia ser popular, mas, ‘tipo, sabe’,. sei que vocês não tem condições, então, ‘tipo, sabe’ daria para conseguir um ingresso e passagens para um show, ‘tipo, sabe’, da banda “Red Hot Chili Peppers”.? Ficaria feliz, ‘tipo,sabe’ não era o que eu queria, mas’ tipo sabe’, ficarei na boa”.
Nossos pais, boquiabertos, provavelmente fariam uso do chinelo nos alertando para a necessidade de usarmos uma linguagem mais compreensiva e adequada ao mundo deles.
Agora, faça arremesso do tempo 50 anos para a frente e pergunte-se sobre esse mesmo diálogo baseado no ‘tipo, sabe’, nánánnimnánánão ? Será considerado caretíssimo.
Logo, um fato. Os jovens atuais, na sua maioria, são os “pós -verdades”, alimentam-se quase que exclusivamente de redes sociais, e nesta condição, estão super atualizados. Ao menos é o que acham. No entanto, a realidade os confrontam no seu cotidiano e, então, devido aos seus conhecimentos superficiais, acabam por caírem em ciladas. Quando encarados com argumentos firmes, saem da estrada e entram na vicinal da contradição. Não sabem o que dizem , não sabem o que falam.
Vejam outro exemplo no diálogo do pai com a filha: : – fiz o jantar então você, filha, se responsabiliza por lavar a louça. Ok? E a filha – mas pai, é injusto. E o pai – injusto? E a filha sai com esta pérola. – pai, uma coisa seria lavar o meu prato, ‘sabe, tipo’, mas lavar o seu também? ‘sabe, tipo’, é injusto.
Os diálogos acima poderiam acontecer em qualquer família, talvez em contextos diferentes. O conflito é constante entre pais e jovens, pois, as vezes, tanto filhos como pais, possuem uma enorme dificuldade de entender minimamente conceitos de tradição e descostume, individualismo e socialismo.
Sou de uma época que se exigia na relação entre pais e filhos o “beija mão” antes de dormir: “a benção”, o “falar baixo”, o controle rigoroso dos horários das “saídas e chegadas”. Mas expresso que “cada um no seu quadrado” não significa que pais não possam entender a contemporaneidade das atitudes dos seus filhos e que estes, os filhos, por outro lado, percebam que é falsa a percepção da proteção que o pós-verdade das redes sociais os oferece, os deslumbrando, os fazendo sentirem-se absolutos donos da razão.
A grande sacada é o ponto de equilíbrio. O primeiro passo é o reconhecimento que não é fácil buscá-lo, porém a procura deve ser feita por filhos e pais, pais e filhos. Melhor ir atrás deste ponto de equilíbrio do que viver em eterno CONFLITO.
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