Hoje ajudei uma pessoa da minha estima naquele cemitério do Zé Américo.
Ao contrário dos cemitérios tradicionais, esse é diferente. Os espaços são iguais para gregos e troianos, ninguém é melhor do que ninguém, ali o rico ganha a mesma placa de mármore destinada ao pobre e as plaquinhas de bronze com os nomes dos extintos são padronizadas.
A gente sabe que pessoas como Wilson Braga e sua esposa Lúcia moram atualmente no cemitério do Zé Américo, mas para descobrir onde fica a cova deles dá trabalho.
Nem se parece com a suntuosidade do Senhor da Boa Sentença, onde os túmulos dos importantes são imponentes e os dos desimportante são diminutos, limitam-se a pequenas caixas nas paredes dos muros, muitas delas violadas, deixando à mostra restos de ossos.
Nunca tinha prestado atenção no modo de enterrar gente nesse novo cemitério.
Ali o morto fica enterrado e bem enterrado.
Abrem-se as gavetas, o caixão é depositado na última delas, lá embaixo, que é vedada por placas de cimento devidamente lacradas pelo pedreiro. Logo em seguida outras placas são colocadas sobre o pavimento ligeiramente superior e igualmente vedadas. A terceira gaveta de baixo pra cima também recebe vedação. Aí, pra fechar o firo, o resto do espaço é fechado com a terra preta e sobre ela colocada grama.
De modo que o morto fica lá embaixo, sem direito a arrependimentos.
Se voltar à vida, vai ter que morrer de novo, pois não tem como sair.
E o escuro lá dentro deve ser um horror.
1 Comentário
Bom dia!
Eita, Tião, ao ler a matéria : “Papo sobre cemitério” fiquei todo arrepiado, e com medo de morrer! “Deus me proteja de mim”, já diz Chico Cesar em sua melodia.