FRUTUOSO CHAVES
Aproximou-se da pequena sala onde, visivelmente acanhado, eu tentava atender aos comandos do fotógrafo encarregado de providenciar a ilustração da matéria que tinha assunto para mim bem indigesto: eu mesmo.
Ajeitou-me a gola, se pôs a meu lado e puxou uma conversa amena e alheia à entrevista que seria publicada naquele início de 2004 pelo CORREIO, com a assinatura de Adriana Rodrigues. Seu propósito, percebi, era garantir aquilo que chamamos “foto de movimento”, o flagrante com um gestual qualquer tão requerido pelas Redações em contraposição à “foto parada”, posada. Uma e outra demarcam a diferença entre o repórter fotográfico e o mero retratista.
Lena era assim: uma pessoa cuidadosa e (não exagero) maternal com alguém de quem gostasse. Tivemos pouco contato no campo profissional, porquanto ingressou na velha A União quando dali eu já saía para editar O Norte.
Foi bom ver aquela menina curiosa, desejosa do aprendizado, florescer como ela floresceu. Foi bom vê-la crescer e ocupar espaços relevantes dentro e fora dos jornais.
A edição seguinte àquele contato, com data de 4 de janeiro, trouxe-me na capa do Caderno “Era de Ouro”, um projeto de resgate da memória do jornalismo paraibano. Fui o penúltimo de uma dezena de entrevistados. Resisto o quanto posso a entrevistas que me tenham como tema. Ela foi a última.
É a Lena terna, atenciosa, que me vem à mente neste dia em que a perdemos. Sei de seu pulso forte e de seu comando vigoroso no dia a dia das Redações. Mas é de sua atenção, de seus cuidados comigo naquela manhã do CORREIO de que agora me lembro, com os olhos marejados.
Ah, sim… Duas fotos minhas ilustram o bate-papo com Adriana, em pingue-pongue, ambas de mãos juntas. Não por culpa sua, minha amiga. É que não sou, mesmo, um sujeito expansivo, de gestos largos. Até breve.
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