Quando Murilo Barreto me levou a Bananeiras para lançar meu livro “Peste e Cobiça”, não sabia que estava dando início a um caso de amor. E amor roxo, daqueles que não se acaba.
A festa aconteceu na antiga estação ferroviária e foi abrilhantada pelo violão de Elpídio. O salão ficou cheio, repleto de gente da cidade e da vizinhança. Até Wellington Farias levou sua comitiva de Serraria para participar da noite de autógrafos.
No dia seguinte, bem antes do café da manhã, o espetáculo que me deixou sem fala: A cidade mergulhada no nevoeiro, o frio gostoso dando ao lugar um clima de Europa e a paisagem enchendo as minhas vistas, as de dona Cacilda e as do meu convidado Geordim Filho. De lá pude ver a igreja majestosa, os casarões, a mata da universidade e, mais à direita, o túnel rasgando o bucho da serra.
Disse ali, solene:
-Vou morar nesta cidade.
Tempos depois, Ricardo Ramalho me convidou para conhecer um condomínio que estava abrindo no Monte Carmelo. Fui, comprei um lote, o próprio Ricardo construiu a casa a preço de banana e finalmente me tornei bananeirado, conforme batismo feito pelo vigário Severino Ramalho Leite, o homem que mais entende de Bananeiras.
E já se passaram cinco anos desde aquela noite de festas.
De lá pra cá, muitos amigos, de todos os partidos: Mateus, Douglas, Odon, Hervásio, dona Marta, Adriano, Maguila, o homem da farmácia, a mulher que vende fruta, o senhor da verdura, dona Beta e seu picado de bode de sabor incomparável, Ramon Moreira,Guga Aragão,Djalma e suas lorotas, Serginho da Tapioca, Seu Tota, a abnegada e divertida Vera, seu Gilvan do gás, Seu Gildo, o caprichoso faz tudo, enfim amigos, vizinhos, agregados, um mundo novo, uma família incorporada a outra que trouxe de Princesa.
Pois é esta Bananeiras, pois é este povo, o povo e a terra, a terra e o povo, famosos, os dois, por promoveram o mais belo, puro e animado São João do mundo, que comemoram, o povo e a terra, mais um ano de emancipação política. São 139 anos de idade. Uma cidade centenária com jeito de menina, menina que a gente ama, preserva e não troca.
Traço estas linhas para registrar a data e dizer que sinto muito orgulho de fazer parte dessa festa.
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