Norman Lopes – Jornalista/ folclorista
Quando falo em Paulo Mariano, remonto ao final dos anos 1970. A conclusão do primário associado ao Curso de Admissão, na lendária Escola Elementar Rural Mista do Sítio Marinho, representava para mim um alvará de soltura, desde o trabalho pesado na roça aos dias esfalfados do Pastoreio.
Findar a primeira fase do ensino fundamental no Sítio, e ainda por cima com notas boas, era a condição imposta pelos meus pais para ingressar nas fileiras colegiais da pequena Cidade. Princesa andava a passos lentos, ou melhor, na pisada de Mimoso, um boi alto, preto e de chifres enormes, na incansável tarefa de coletar o lixo, naquele distante 1978, ano em que a Igreja Católica registrava o anúncio de três papas, em menos de um mês e o mundo felicitava Louise Brown, o primeiro bebê de proveta da Terra. Foi nesse período, ainda de influência da ditadura militar, que ouvi os primeiros relatos acerca de Paulo Mariano.
O frenesi político da época não era diferente, “Pereira e Diniz” criavam um clima tenso a cada disputa pela Prefeitura e um raio de dissensões marcava o município de uma ponta a outra. Do Jacu ao Entremontes, Guaribas a Tataíra, Patos de Irerê ao João Môco. Há quem diga que essa chamada política do atraso transformou Princesa Isabel no Polo mais depauperado da Paraíba.
Foi contra este ‘estado de atropelos’ que o bom Paulo Mariano lutou com “unhas e dentes, disseminando uma campanha de libertação, na qual o cidadão era livre para votar em quem quisesse e ninguém estaria condenado a ser boca preta, tampouco rabo de couro. Era o discurso do tudo ou nada, a última munição do pós-guerra, enfim, a política do bom combate. Esse diálogo franco com a sociedade era, na visão do ilustre princesense, condição SINE QUA NON para restabelecer o prestígio de uma cidade que virou Território Livre durante a Guerra, mas sucumbiu ante à disputa do poder pelo poder.
A campanha “Liberdade Já” tivesse dado certo, imagino que Paulo teria chegado ao “Palácio do Cancão” com a determinação de um estadista: ajudar aos mais necessitados, trazer alento aos miseráveis e dignidade a quem tanto precisa.
De outra feita, mandaria as duas alas da política tradicional pastar e de preferência: “se enfiar” no SEDÉM.
E assim nos deixou Paulo Mariano, o Enéas nosso de cada dia!
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