Alçado de partido nanico a protagonista da política brasileira após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, o PSL vive um cenário de rachas internos em suas bases nos estados.
O clima de disputa é escancarado com embates públicos na imprensa, em redes sociais e até mesmo em brigas com trocas de socos entre integrantes do partido.
O PSL tem 271,7 mil filiados, três governadores, quatro senadores e 54 deputados federais. Em 2018, elegeu ainda 76 deputados estaduais, em 21 estados.
Os casos de embates de Minas Gerais e São Paulo são os mais conhecidos. Em Minas, conforme revelado pela Folha, a deputada federal Alê Silva acusou o ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) de comandar um esquema de candidaturas laranjas e de ameaçá-la de morte. Ele nega.
No diretório paulista, as deputadas federais Joice Hasselmann e Carla Zambelli trocaram xingamentos em uma rede social, enquanto o deputado Alexandre Frota prometeu “colocar fogo” no PSL paulista e ainda defendeu a saída de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, do comando estadual da legenda.
Há disputas semelhantes em pelo menos outros quatro estados. No Rio Grande do Sul, o PSL já mudou de presidente duas vezes desde o final do ano passado. Foram mudanças ruidosas, com denúncias de mau uso do fundo eleitoral, vazamento de áudios de reuniões e troca de socos entre os recém-chegados na política.
A primeira queda foi a da empresária Carmen Flores, candidata derrotada ao Senado, próxima ao ministro Onyx Lorenzoni (DEM). Ela foi substituída pelo tenente-coronel Zucco, deputado mais votado para a Assembleia gaúcha e ligado ao general Hamilton Mourão (PRTB).
Zucco e seu vice, o deputado federal Ubiratan Sanderson, fizeram uma representação no conselho de ética do PSL nacional contra o deputado federal Bibo Nunes. Eles deixaram a direção estadual por causa da falta de resposta, diz Zucco.
Um áudio de Nunes chamando Zucco e Sanderson de “palhaços” que “se deram mal, estão fora, desmoralizados” foi vazado. Porém, a representação diz respeito a outro episódio envolvendo Nunes.
Descontente com a entrada do PSL no governo de Eduardo Leite (PSDB), Nunes teria dado empurrões em uma solenidade no deputado estadual Ruy Irigaray (PSL), que assumiu a secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico.
Uma reunião do diretório, que aconteceu no mesmo dia, acabou em xingamentos e agressões mútuas. O PSL passou a ser dirigido pelo deputado federal estreante e empresário Nereu Crispim.
“A nova executiva tem filosofia de união. Quem pensar em si mesmo, está fora. Não temos espaço para ‘umbigoides’, que são os que olham para o umbigo e querem fazer do partido uma máquina eleitoral”, diz Bibo Nunes.
Em estados do Nordeste, a principal reclamação é sobre o perfil centralizador dos presidentes dos diretórios locais.
Na Paraíba, a condução do PSL pelo deputado federal Julian Lemos, conhecido por coordenar a campanha de Bolsonaro no Nordeste em 2018, tem sido questionada por colegas de partido.
Neste mês, o deputado estadual Moacir Rodrigues e o grupo Direita Paraíba emitiram uma nota na qual criticam a falta de diálogo e de eleições internas para a formação dos diretórios estadual e municipais.
“Entendemos que a nova política se faz com democracia interna. Mas, infelizmente, estamos sob a direção de um coronel, uma pessoa que não escuta ninguém”, disse à Folha o deputado Moacir Rodrigues.
Procurado, Julian Lemos refutou as críticas e afirmou que o PSL da Paraíba vive em harmonia. “Não vou comentar críticas de pessoas que não têm ingerência sobre as decisões do partido”, disse.
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Tem carrapato nesse galinheiro