A Fundação João Mangabeira, ligada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), promoveu na segunda-feira, 20 de abril, a terceira edição do Pense Brasil Virtual, com o tema Recessão Econômica e pandemia: o que nos espera?  Os conferencistas convidados foram os economistas Ladislau Dowbor e Esther Dweck. O presidente da Fundação João Mangabeira, ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, foi o mediador dos debates.

Na abertura, Coutinho repudiou “atos atentatórios à democracia ainda existente no país”, referindo-se aos atos ocorridos no domingo, 19, que contaram com a presença do presidente em Brasília, e pediram a volta do AI-5 e o fim da democracia no Brasil. Para Coutinho, trata-se de uma clara escalada do autoritarismo em nosso país. O ex-governador destacou que o atual presidente atenta contra a saúde do povo brasileiro, pois ao expor-se e incitar aglomerações ele vai contra a segurança sanitária da população, “cada um de nós, do presidente da República ao cidadão anônimo, temos deveres sanitários” afirmou.

O economista Ladislau Dowbor fez uma exposição explicando a conjuntura internacional da crise provocada pelo Coronavírus, que tem como um dos pontos mais críticos a desigualdade social. No Brasil, seis brasileiros têm mais rendo do que a metade mais pobre da população do país; no mundo, 1% tem mais do que os 99%.

Dowbor diz que está havendo uma convergência das crises ambiental, da desigualdade e do caos financeiro, a desregulação geral. “Nós não estamos conseguindo canalizar os recursos para onde são necessários, que é a mudança energética, agrícola etc., e controlar empresas como a Apple, Amazon, porque eles não pagam impostos.

A professora Esther Dweck reafirmou a defesa da democracia no Brasil, que sempre foi muito frágil, mas que agora sob ataques mais fortes. Embora reconheça que há associação entre a pandemia e uma provável recessão econômica, para Esther não há antagonismo entre saúde e economia.

Para Esther, é fundamental garantir as políticas necessárias para evitar que a parada econômica seja sentida pela população. Para ela, seria fundamental que nesse momento conseguíssemos garantir renda para as famílias para depois podermos retomar a economia com menos prejuízos. “Mas no Brasil esse processo está muito lento; o auxílio para trabalhadores de baixa renda, informais e formais, por exemplo, demorou muito para ser regulamentado e implementado”.

Ricardo Coutinho mostrou-se profundamente preocupado com o presente e o futuro da indústria brasileira. “ Essa coisa de faltar máscara, você não ter capacidade de produção disso, é muito preocupante”. “Temos uma dependência industrial basicamente em relação à China e à Ásia para compra de produtos. A participação da indústria no PIB brasileiro é de 11,3%, o menor percentual da história.