Dois atos marcaram definitivamente a passagem do juiz Manoel Paulino pela Comarca de Princesa.
O primeiro foi quando mandou prender figuras tidas e havidas como intocáveis e que, por se considerarem intocáveis, davam—se ao desfrute de cometer crimes das mais variadas modalidades, certos de que a lei jamais as alcançaria. Paulino prendeu em celas comuns e não se intimidou com as ameaças perfiladas na frente do fórum da cidade ou diante da casa onde morava.
O outro ato de Paulino foi não permitir que conhecido assassino, com processo em aberto e prisão decretada, continuasse a andar impunemente pelas ruas da cidade. Mandou andar o processo do dito criminoso e isso lhe valeu um encontro com o tal, em plena rua. O valentão, acostumado a vencer os contendores do grito e na ameaça, tentou fazer o mesmo com Doutor Manoel e este lhe respondeu a altura. O pistoleiro sacou do revólver e atirou, mas, nervoso, errou o tiro. O juiz atirou e acertou. Não atirou para matar, mirou na perna do agressor e este saiu mancando, sequestrou um carro e fugiu.
Era um homem simples, forjado na luta e no trabalho árduo. Começou de baixo, na Polícia Militar, até chegar ao posto de Capitão. Paralelo às funções de policial militar, estudou, se formou em Direito, prestou concurso para juiz e foi aprovado com louvor. Passou por diversas comarcas, entre elas a de Princesa, até chegar à Capital. Aposentou-se como desembargador.
Nas horas vagas gostava de uma rainha. E no interior aproveitava os finais de semana para pescar com os amigos.
Foi um guerreiro, um grande magistrado e um dileto amigo.
Nos deixou hoje, para nossa tristeza.
1 Comentário
CONHECI-O EM 1988, CAMPINA GRANDE, FORUM DA AFONSO CAMPOS E NA UEPB. FIGURA HUMANA SEM REPAROS; MAGISTRADO QUE HONROU A TOGA E PROFESSOR DE IGUAL VALOR. SUA MUDANÇA PARA A PÁTRIA ESPIRITUAL NOS IMPÕE PERDA E SAUDADE. À FAMÍLIA MEUS SENTIMENTOS.