Pezão deixa sede da PF rumo a Benfica e faz sinal de positivo — Foto: Reprodução/TV Globo
O governador Luiz Fernando Pezão deixou a sede da Polícia Federal pouco antes das 15h desta quinta-feira (29), após prestar depoimento por cerca de três horas.
Preso nas primeiras horas da manhã pela força-tarefa da Lava Jato, ele foi levado para a Cadeia Frederico Marques, em Benfica, de onde, após triagem, foi levado às 15h50 para a Unidade Prisional da Polícia Militar (PM), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Em Niterói, o governador afastado ficará em uma sala especial, à qual tem direito por lei devido ao cargo.
O vice-governador, Francisco Dornelles, assumirá o governo interinamente.
O governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão é escoltado ao chegar à sede da Polícia Federal no Rio. Pezão foi preso nesta quinta (29) durante a operação ‘Boca de Lobo’ — Foto: Mauro Pimentel/AFP
Operação Boca de Lobo
A força-tarefa da Lava Jato deu voz de prisão ao governador por volta das 6h no Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do estado.
De acordo com os agentes, o governador se surpreendeu com a chegada da Polícia Federal e achou que era para cumprir um mandado de busca e apreensão no local, e não de prisão. No entanto, Pezão reagiu bem e chamou os advogados imediatamente – mas pediu aos policiais federais que o aguardassem tomar café.
Além do governador, outras seis pessoas foram presas nesta manhã. Entre elas, os secretários de Obras, Iran Peixoto Júnior, e de Governo, Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, e o sobrinho do governador, Marcelo Santos Amorim.
Ao todo, 9 mandados de prisão e 31 de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça (veja lista abaixo).
Batizada de Boca de Lobo, a operação é baseada na delação premiada de Carlos Miranda, operador financeiro de Sérgio Cabral. O ex-governador, de quem Pezão foi vice, também está preso.
Segundo o MPF, Pezão não só fez parte do esquema de corrupção de Sérgio Cabral como também desenvolveu um mecanismo próprio de desvios quando seu antecessor deixou o poder.
Segundo o MPF, há provas documentais do pagamento em espécie a Pezão de quase R$ 40 milhões, em valores de hoje, entre 2007 e 2015. De acordo com á PF, ele cobrava até 8% de propina dos contratos do governo em benefício próprio.
De acordo com o MPF, o valor é incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista à Receita Federal.
Na avaliação da força-tarefa da Lava Jato, solto, o governador poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa. Segundo o MPF, o esquema de corrupção ainda estava ativo.
1 Comentário
DO JORNALISTA RENATO ROVAI SOBRE A PRISÃO DO GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO:
Vale tudo: Prisão de Pezão inaugura nova fase na Lava Jato.
Essa ação, que está sendo tratada pela mídia como mais um gol da Lava Jato, é a autorização para que amanhã outros governadores e prefeitos sejam arrastados para celas sem que tenham sido julgados pelos seus atos.
A prisão do governador Pezão inaugura um novo ciclo da Lava Jato, a prisão de governadores no exercício do mandato. E indica que a eleição de Bolsonaro e o anúncio de Sérgio Moro para o ministério da Justiça deram novo impulso à operação e que para os próximos tempos as prisões preventivas e sem julgamento se intensificação.
Se Cabral recebeu propinas aos montes, provavelmente Pezão também. Isso, porém, não é prova suficiente para incriminá-lo. Se um delator diz que ele recebeu mesadas de 150 mil reais, que é o que se alega, isso não deveria ser o suficiente pra que a PF invadisse o Palácio das Laranjeiras e o arrancasse de lá para a cadeia.
Essa ação, que está sendo tratada pela mídia como mais um gol da Lava Jato, é a autorização para que amanhã outros governadores e prefeitos sejam arrastados para celas sem que tenham sido julgados pelos seus atos. Por que a PF ainda sem estar sob o controle de Moro faz isso com Pezão e não o fará com governadores de oposição?
Num ambiente democrático jornalistas sérios estariam hoje cobrando das autoridades explicações sobre essa ação. Mas ao contrário disso estão preocupados em explorar os detalhes de como Pezão estava na hora em que a sede do governo foi invadida.
O x da questão é que essas arbitrariedades não serão cometidas apenas contra políticos, como se sabe. A próxima etapa incluirá, advogados, donos de veículos de mídia, líderes de movimentos sociais etc.
Ao contrário do que se imaginava, a eleição de 2018 serviu pra acelerar o caráter persecutório e seletivo da Lava Jato. Aécio, por exemplo. continua livre, leve e solto. Palocci já está a caminho de casa. Delcídio deu festa de 600 mil reais pra filha. E a vida segue para eles num padrão muito melhor, por exemplo, do que para Lula. Que pelo andar da carruagem vai continuar preso por muito tempo.