Pino foi feito pra se bater mesmo

Vendo a batida de pino de Jair Bolsonaro, hoje, me lembrei de Antonio Mariz.

Humberto Lucena acabara de ser cassado pelo TSE por utilizar a gráfica do Senado para a confecção de calendários mais tarde distribuídos com os eleitores.

O Senado inteiro de rabo encolhido, com medo da rebordosa, assistiu, assustado, o discurso que Antonio Mariz proferiu prestando solidariedade ao conterrâneo e metendo a peia nos ministros do TSE.

Foi tão forte o discurso que dali saiu uma lei salvando o mandato de Humberto Lucena.

Antes, muito antes, Zé Américo de Almeida concedeu uma entrevista tão forte que derrubou a ditadura de Getúlio.

Mas é querer demais comparar Jair Bolsonaro com Zé Américo ou com Antonio Mariz.

Bolsonaro é um político que ganhou fama por elogiar torturadores e ser grosseiro com os desafetos.

Chegou à Presidência por puro acaso. E ganhou seguidores porque havia gente igual a ele escondida sob a capa do fingimento. Ricos egoístas, conservadores que não aceitam o crescimento da classe considerada miúda, homofóbicos e falsos pastores viram em Bolsonaro a chance de se dar bem.

As suas bravatas enganavam a quem queria ser enganado. O povo lúcido do país jamais acreditou na valentia desse político medíocre.

Agora, nem isso.

Depois da batida de pino, do ré pra trás, do “eu disse, mas não disse”, a ele será reservado o arquivo morto para onde é mandado o papel velho e sem serventia que enchia as gavetas dos burocratas.

Lendo as suas explicações amarelas, medrosas, de quem não sustenta o que diz, me lembrei da frase milenar que todos pronunciam pelos séculos dos séculos:

Quem tem cu tem medo!

E Bolsonaro tem.