1 – Os filhos de Rafael Rosas trouxeram do Recife, onde estudavam, um equipamento estranho que, segundo eles, reproduziria as falas das pessoas. A novidade chamou a atenção e chamou mais ainda a finalidade: fora comprado exclusivamente para gravar a voz de Seu Diolindo Mandaú, homem forte do Cancão, dono da budega mais sortida da rua.
E, de fato, a chegada dos irmãos Romulo, Anchieta e Reginaldo à venda de Diolindo mais pareceu um comício de político famoso do que a simples visita de conterrâneos saudosos a um velho conterrâneo.
A rua ficou repleta de gente, a budega se encheu, só faltou banda de música para tornar o evento mais glorioso.
E durante horas, Diolindo falou pelos cotovelos. Revelou segredos, nominou os velhacos, enumerou as mercadorias estocadas, disse do que sabia e do que ouvira falar, sempre com a voz estridente que o caracterizava, a voz e aquele aquele caroço que carregava no meio do nariz, sem data para operação em razão da carestia.
O problema maior foi quando, ao término da conversa, o filho mais velho de Rafael Rosas apertou um botão e apareceu Diolindo falando dentro da máquina.
Chico de Martílio correu pra casa chamando por Miúda, sua prendada filha. Ciço de Adauto, espectador privilegiado do evento, puxou um canivete e chamou o misterioso para a briga e Antonio Eugênio, costumeiramente calmo e silencioso, bateu pernas até o convento dos padres para denunciar a Frei Anastácio que satanás invadira o Cancão.
Os filhos de Rafael, claro, gargalharam, acharam graça e pediram bis.
Tanto pediram que, no ano seguinte, voltaram com um equipamento mais sofisticado e foram recebidos por um Diolindo feliz, sorridente e com cara de artista da Rede Globo.
2 – Quando vejo conterrâneos se matando pelo homem, fico a pensar se eles são jegues de lote ou simplesmente jumentos servis, aqueles de carga e de chapuletadas na bunda.
3 – Para um sábado como esse, onde a saudade aperta dentro do coração de quem está longe da terrinha natal, nada melhor para compensar isso tudo do que falar de poesia. E poesia verdadeira, aquela que sai do improviso, feita pelo cantador de viola, o poeta repentista que não cursou faculdade mas dá lição em doutor. O poeta que faz o verso sem pé quebrado e movido somente pela inspiração que Deus lhe deu. Vamos a ela, então:
Tristeza é de quem nasceu
num quarto de cabaré
sem fraldinhas no berço
nem sapatinho no pé
olhando o rosto da mãe
sem saber o pai quem é (João Bandeira)
Pobre morando em cidade
de qualquer forma se aperta.
a conta da luz não falta,
a conta da água é certa.
De graça só entra o vento
quando encontra a porta aberta (Adauto Ferreira)
Aqui, neste cemitério,
onde estamos após,
foi a onde nossos pais
pisaram nossos avós.
Nós pisamos nossos pais
nossos filhos pisam nós. (Antônio Marinho)
As estrelas são safiras
encravadas no infinito,
que a mão do criador
com seu trabalho bonito,
deixou do lado de fora
pro céu ficar mais bonito (Ascendino Alves)
Até mesmo nas igrejas
o racismo está escrito:
Fala-se de todo santo,
que seja branco e bonito,
mas é difícil se ouvir
falar de São Benedito. (Canhotinho)
Não há tristeza no mundo
que se compare à agonia
dos olhos de um cachaceiro
vendo a garrafa vazia (anônimo)
Não há tristeza no mundo
que se compare à tristeza
do sujeito ver um fundo
e não ficar de vela acesa. (Zé Areia)
Basta somente uma caixa
de melhoral infantil
um pacote de bombril
meio saco de bolacha
uma prateleira baixa
nem precisa ser comprida
meia grade de bebida
e um quixó pra pegar rato
uma bodega no mato
com pouca coisa é sortida. (Manoel Francisco)
O cabra quando é ruim
só pratica coisa à tôa:
Vê uma mulher perdida
esquece logo a patroa,
fica chaleirando a ruim
para dar desgosto à boa. (Pedro Amorim)
Eu também sou caçador
onde tiver bicho eu acho
agarro a onça na serra
vou matá-la num riacho
deixo de perna pra riba
pra ver se é fême ou macho. (José Limeira)
Teu verso tem a pureza
que a lua tem no brilho
o zéfiro brando que passa
soprando o pendão do milho,
e as lágrimas de uma mãe
se despedindo do filho. (Pedro Amorim)
Velhinha quando eu morrer,
conserve a minha viola,
coloque numa sacola
e deixe o rato roer,
barata dentro viver,
morcego morando nela,
o cupim comendo ela
ela perdendo o valor,
só não deixe cantador
botar mãos no canto dela. (Pinto do Monteiro)
Saudade é um parafuso
que tendo rosca não cai;
só entra se for torcendo,
porque batendo não vai.
Depois que enferruja dentro,
nem destorcendo ele sai. (Dimas Batista)
Você só fala em peito
mas peito não me embaraça
mais peito que você tem
tem uma porca de raça
tem logo duas carreiras
mas de uma porca não passa. (Lourival Batista)
De tanto procurar besta
encontrei este rapaz
pensando que fosse besta
que fosse um besta capaz
mas nem pra besta ele presta
porque é besta demais.(Cego Aderaldo)
Na vida provei abalos
e desesperos medonhos…
sonhos, sonhos e mais sonhos,
sem nunca realizá-los.
Na fronte inda trago os halos
das auras da juventude
porém não tive a virtude
de dormir entre dois seios,
não tive amores, sonhei-os,
mas possuí-los não pude.
4 – Aposto como o tal do Queiroga, igual ao cururu aqui de casa, vai continuar no cargo.
5 – Isso me disseram e quero acreditar que seja verdadeiro: Em um beijo de amor, paixão e desejo, exercitamos 12 músculos dos lábios e 17 da língua, formando um total de 29. Em tão prazerosa ginástica queimamos 12 calorias.
Mas na análise do néctar trocado em um beijo transitam 9 mg de água, 0,7 g de albumina, 0,18 mg de substâncias orgânicas, 0,711 mg de gordura, 0,45 g de sais e um mínimo de 250 bactérias, além de vírus, germes e parasitas transmitidos por companheiros menos saudáveis.
E eu pensando que o beijo na boca fazia nascer somente sapinho na língua.
6- Gás vai subir de novo.Virou rotina.
7 – Cardiologista no Ceará pergunta ao paciente:
– Como está a sua alimentação ?
– Só como verduras, legumes, carne magra, peixe, zero de gordura e nada de sal.
– Atividades fisicas ?
– Corro diariamente 10 km e depois uma hora de academia.
– Fuma ?
– Nunca fumei na vida.
– Bebida ?
– Meia taça de vinho tinto todo dia, às vezes duas.
– Atividade sexual ?
– Hummm… não pratico sexo….
O médico pondera por alguns segundos antes de continuar:
– Bem… quanto à alimentação e atividade física, tudo certo. Porém o senhor tem que melhorar a frequência da sua atividade sexual. Sexo é fundamental para a saúde mental e reflete na saúde física. Eu, por exemplo, tenho 10 anos a mais que o senhor e não deixo por menos, transo pelo menos três vezes por semana !
– Acontece que o senhor é médico, doutor. ..e eu sou o Bispo de Juazeiro.
8 – A comida feita no fogão a carvão ou a lenha fica mais gostosa. Aposentemos o gás!
9 -Pediram ao poeta Zé Limeira para fazer um verso sobre o descobrimento do Brasil. Ele afinou a viola, limpou a goela e declamou, cantando, esta pérola preciosa da poesia regional, que registro para deleite de quem ainda não a conhecia:
É o Brasí brasileiro
O Brasí das Capitá
Foi lá em mil e quinhento
Qui aqueles índio nojento
Comero o cú fedorento
De Pedro Alves Cabrá
10 – E se preparem: atrás do gás vem sempre a gasolina.
11 – E agora os meus abraços sabadais para Arnaldo Afonso, Zeca Ricardo Porto, Márcio Murilo da Cunha Ramos, Maria da Glória Ismael, Maria do Socorro Sousa, Wesley Leandro, Ulisses Barbosa, Rivanilda Brito,Cássia Fidelis, Veronica Albuquerque, Marta Santos, Clivia Dantas, Nena Mandu, Laudeci Bezerra, Regina Rosas e Tenorio Carvalho.
12 – Joana de Vigó, todos os sábados, dia de feira, lá em Princesa Isabel, levava seu filho para que dona Emília, minha mãe e madrinha do buchudo, o abençoasse.
Numa das visitas, Dona Emília lavou uma manga Espada, bonita e vistosa e deu para o menino. Aí Joana arrebatou a fruta da mão do filho, enquanto se jjustificava para a comadre:
– Comadre Emília, esse menino tá com um catarro danado e manga com catarro faz mal.
Äo que dona Emília respondeu:
– Comadre Joana, manga com catarro não faz mal, mas é muito seboso”.
2 Comentários
O Dr. Queiroga disse ontem:
“apaguei o incêndio ” se referindo
à questão do uso da máscara.
De que adianta “apagar o incêndio ”
e deixar um incendiário perto de
tochas acesas e de galões com combustível?
E o braço oculto da IURD transmite
ao vivo a palhaçada em São Paulo.
Será que o barulho dos motores
chega em Angola? Ou aos ouvidos
do governo da África do Sul, e o
convence a dar o agreement para
aquele indicado à embaixada?