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Porque hoje é sábado

20 de novembro de 2021

1 – Bom dia feirantes e feireiros, hoje é sábado e, por ser sábado, a programação mais arretada do dia é ir à feira. E como tem feira hoje na Paraíba! Só aqui em João Pessoa eu aponto três, as dos mercados dos Estados, da Torre e do Central, A maior delas é a do Mercado Central, lá no burburinho da cidade, a da Torre é a mais desejada por causa da praça da alimentação e do cuscuz com bode que se come lá. No Bairro dos Estados a feira é bem comportada, porém bem surtida. É lá que o amigo Emerson Fitipaldi se abastece de feijão verde, galinha e frutas para o tira gosto de logo mais.

 

2 – No interior a pancada do bombo é no mesmo ritmo. A começar por Sapé, alongando-se até Solânea e chegando à Princesa, detentora do título de maior feira do interior do Estado. Nessa feira de Princesa, em priscas eras, eu e minha turma fazíamos ponto nas tarimbas de carne de Augusto Preto para filar o pedaço de porco que seria logo mais assado na frigideira de Luizinho de Calu e usado para aliviar o ardor da cachaça que a gente bebia com tanto gosto que, quem visse, achava que estávamos bebendo aquele tá de baraná”.

 

3 – Mas aí apareceu a pandemia e cortou nossas pernas. Nunca mais fomos à feira. Uns se arriscaram, eu ainda não tomei coragem. E enquanto isso acontece, somente a lembrança alimenta a saudade que teima em fazer morada no lado esquerdo do peito.

 

4 – Vamos rir, então. Rir ainda é o melhor remédio para afugentar a tristeza e acalentar a revolta que fica dentro do peito.

 

5 – Hoje vou falar de avarentos. Escutem aí:

O meu tio Severino Cazuzão era tão avarento que meu pai costumava dizer que ele era mais amarrado do que orelha de freira, isso no tempo em que as freiras se vestiam da cabeça aos pés com aqueles mantos vistosos, onde somente ficavam à mostra as mãos e as maçãs do rosto.

Me lembro dele, sentado à mesa da minha casa, já setentão, comendo um pão francês com café preto, porém com um detalhe: guardava o pão no bolso e puxava pedaço por pedaço, arrancando pela orelha, somente para que nós, os meninos, não pedíssemos mesmo que fosse um tico de miolo.

Mas era simpático, o tio Severino, como são simpáticos todos os avarentos que conheci. O cabra economiza além da conta e deixa o economizado para a viúva gastar com o chamado “urso”, aquele que chegou depois, sem eira nem beira, porém com disposição para fazer uma viúva carente sorrir. E tal sorriso vale qualquer gastança.

Há, contudo, quem não morra. Envelheça junto com a cara metade, como aconteceu com Zé do Jacu e Chica Tranguelo. Os dois moravam na zona rural de Manaíra, comiam porcaria juntos, somente para não terem que se desfazer das notas de contos que Zé guardava debaixo da cama. O cardápio era angu de manhã, angu de tarde e angu de noite.

Foi numa noite de muito angu que dois rapazes, perdidos no mato, apareceram por lá pedindo arrancho. Estavam mortos de fome, mas Zé, miserável, concordou que dormissem no alpendre, todavia avisou que não havia comida alguma. Havia. E muita. Uma panela de angu cozinhada por Chica e não comida nem a metade, que estava guardada para o café do casal.

Lá pela meia noite, um dos rapazes foi dar uma busca na cozinha para ver se encontrava algo comestível. As tripas roncavam e não podiam esperar. Alcançou a panela de angu, meteu as duas mãos lá dentro e as trouxe cheias do produto. Comeu uma parte, voltou a enche-las para levar ao irmão que o esperava lá no alpendre. Só que, na volta se enganou de local e entrou no quarto de Zé do Jacu, que dormia ao lado de Chica.O rapaz encostou a mão na bunda de Zé, pensando que era a cara do irmão e o mandou comer. Só que a cara era a bunda de Zé e Zé, fazendo digestão àquela altura, soltava bufas sopradas e azedas, que o rapaz interpretava como se fosse a boca do irmão soprando.

-Não precisa soprar não, que ta fria -, disse ele, recebendo de volta outro assopro saído do suspiro do velho. Impaciente, meteu o angu no que ele pensava ser a cara do irmão e somente depois disso é que descobriu o engano. Voltou correndo para o alpendre, chamou o outro e dali se mandaram, com escuro e tudo.

Dia seguinte, ao acordar, Zé passou a mão na bunda e alarmou:

-Chica, minha filha, o angu me ofendeu. Amanheci todo cagado!

 

6 – Seu Dió, bodegueiro fanfarrão, falava alto como se estivesse em permanente discurso, porém o que exagerava em tom de voz, economizava quando o assunto era gastar.

 Até mesmo quando trocou tiros com Doquinha, em defesa do sobrinho Zé da foice, não perdeu a mania de economizar. Cessado o tiroteio, saiu catando as cascas das balas para mandar encher de novo.

 Tinha um caroço no meio da venta, que o deixava feioso. Pois em vez de se valer do bisturi de Doutor Severiano para arrancar o bicho, preferiu a receita dada por Zezito Pustema, queimando-o com um tição. Perdeu o caroço e ganhou uma ferida que o acompanhou pelo resto da vida.

 

7 – Mas quando se fala em sujeito que tenha pena de gastar dinheiro, não se deve esquecer o finado deputado Chico Pereira.

Certo dia, foi procurado na Assembléia Legislativa da Paraíba por um conterrâneo de Pombal, que lhe pediu uma ajuda:

-Seu Chico, me arranje cinco cruzeiros para eu comprar a passagem de volta.

-Aaaaaaaaaaaaaaannnnnnnnnhhhh? – Fez Seu Chico, colocando a mão em concha, como se estivesse mouco.

O rapaz repetiu, só que dobrando:

-Me arranje dez cruzeiros!

-Ôxente , e nestante num era cinco?!

 

8 – Noutra ocasião, um rapaz também de Pombal foi lhe pedir dinheiro para enterrar a mãe que havia morrido num dos hospitais de João Pessoa.

 -Meu filho, me procure no fim do mês que é quando sai pagamento -, sugeriu Seu Chico.

 O rapaz ponderou:

 -Será que o senhor tem pelo menos o dinheiro para comprar um pacote de sal?

 -Pra que? -, perguntou o deputado. E o rapaz:

 -Pra eu salgar a velha e ver se ela não apodrece até lá.

 

9 – Meu parente Zé do Samu, porém, ganhava de todos esses já falados.

A mulher dele teve um infarto fulminante, dia desses, aqui em João Pessoa. Só que, como o caso se deu à meia-noite, Zé decidiu que só chamaria o táxi depois das oito da manhã, para evitar pagar bandeira 2.

 

10 – A policial de plantão na delegacia de Juazeirinho foi interpelada pelo sisudo Luiz Ventola:

 -Moça, aqui tem onde cagar?

 E ela:

 – Não é cagar , senhor, é fazer cocô”.

 E ele:

 -Quem faz cocô é menino, eu quero é cagar mesmo”.

 

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Iarley Maia, Gilvandro Gues, Flavio de Cuité, Ana Lustosa, Cacau da Tambaú, Joseride Lucena, Gilberto Videres, Olenildo Nascimento, Joceane Gomes, Zé Euflávio, Alexandre Macedo, Cassandra Figueiredo,  Nezia Gomes, Marcelo Weick, Sandro Targino, Bruno Pereira e Tereza Duarte.

 

12 – Contada por Fabiano Gomes:

 Os adversários políticos ,em um comício na cidade de Cajazeiras, atribuíram vários vícios e defeitos a Ronaldo Cunha Lima .Na semana seguinte ,veio a resposta :

 Os meus adversários

Dizem que vivo bebendo .

Eu vou logo respondendo

a esses pobres otários :

Tenho vícios ordinários

como um cidadão qualquer .

Pode falar quem quiser,

de repetir-lhes não canso:

jogo,bebo,fumo,danço

e sou perdido por mulher !

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5 Comentários

  • Reply CICERO DE LIMA E SOUZA 20 de novembro de 2021 at 13:17

    Meu amigo TIÃO, quem contou essa mentira sobre velho CHICO PEREIRA?
    Ao contrário dessa infame calunia, seu CHICO atendia a todos e ajudava dentro das condições necessárias. Tripudiar sobre ele, constitui-se numa verdadeira ofensa, porque trabalhei com o mesmo, vários anos, como assessor do seu gabinete, e nunca vi esse tipo de mesquinharia..

    • Reply Sebastião 20 de novembro de 2021 at 15:01

      Isso é folclore, Cícero. Relaxa

  • Reply Nana 20 de novembro de 2021 at 18:03

    Isso foi antes Ciço!!!

  • Reply sérgio de castro pinto 27 de novembro de 2021 at 10:47

    Tião:
    quanto a mim, não nutro qualquer mágoa de João Pessoa. Tampouco as entidades que apoiam que seja preservado o nome de Castro Pinto no aeroporto: Academia Paraibana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico, Academia de Letras de Cajazeiras, Academia de Letras Jurídicas da Paraíba, Academia de Letras de Cabedelo. O historiador Flávio Ramalho de Brito lançará, brevemente, o livro “Castro Pinto: O Tribuno e sua época”. Enviarei um exemplar para o prezado amigo

  • Reply sérgio de castro pinto 27 de novembro de 2021 at 10:52

    Corrigindo: Não nutro qualquer mágoa de José Maranhão.

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