1 – Tempo bom era aquele em que o rapaz ia para as noitadas e a maior extravagância que fazia era encher o quengo com dois litros de Montilla . Nada de maconha, cocaina ou outros pós. E quando se exagerava nas noites pecaminosas dos cabarés, o castigo era uma doença do mundo que se curava com penicilina e raiz de pau.
2 – Cabaço era o que mais tinha. As mocinhas se guardavam para o casamento, não davam o seu precioso ao primeiro que aparecesse, no máximo permitiam uns amassos a mais, uns beijos de língua, uma pegada nos peitos e um dedinho lá longe cutucando as suas coisas sem maiores gravidades.
3 – Não se trata de saudosismo, mas de constatação: Naquela época o rapaz tinha tesão, pegava na primeira, não precisava de estímulos extras. O cabra saía da casa da namorada com os ovos inchados, o pé da barriga doendo, doido pra ver o dia amanhecer e acontecer o recomeço da chumbregagem, pois o anterior acabara deixando no ar um gostinho de quero mais.
4 – Hoje o namorado se agarra, se abufela, se desmantela, chupa na língua, morde no beiço, destroça a periquita da moça e a rôla não sai do canto, não levanta a cabeça, não dá sinal de vida.
5 – Deve ser por isso que tem aumentado a preferência do sexo feminino pelas experiências sexuais diferentes, o chamado amasso do bombril. Já que só tem tu, vai tu mesmo, hão de afirmar diante da constatação de que a rolinha morreu e não ressuscita nem com reza de mulher velha.
6 – Mas deixemos para lá, cada um viva o que é do seu interesse e jamais passe pela experiência vivida por Zé Prexeca e contada pelo próprio a uma platéia ávida por emoções. Ele disse que a rebenta saiu na sexta sem dar satisfações, voltou no domingo a tarde trazendo com ela um negão azulado de quase dois metros. Entrou e puxou o cabra pela mão, direto para o quarto. Enraivecido, o pai arrombou a porta do quarto e…
Olhando para a platéia, contou:
-Pia a lapa da rôla!
7 – Nas manhãs de sábado a turma dos lisos pedia doações de carne verde nas tarimbas do açougue de Princesa e depois corria ao barraco de Ana Costa, para que ela torrasse o produto, mais tarde comido como tira gosto das meiotas filadas junto a Genésio Lima, a Miguel Fotógrafo e a outros generosos conterrâneos. Depois, cada um procurava a sua matuta e se escondia com ela nas pedras da Lagoa para brincar de amor.
8 – Outros preferiam as brenhas do Açude Velho, para o aconchego com Veneza, a burra mais formosa do lugar. Veneza, generosa, dava a todos sem reclamar soldo, ração extra ou dividendos monetários. Bastava um assobio e lá ia ela para a pedra, levantava o rabo e esperava.
9 – Havia gente com gosto mais sofisticado. Bibiu de Miguel Fotógrafo, por exemplo, só gostava de aventuras chiques, como aquela em que, com seu charme, convenceu uma freira a tirar a batina e correr para os seus braços.
10 – O símbolo maior do amor desprendido, porém, era Totinha, que escolhia a dedo os alvos de suas paixões e lhes brindava com lindas fantasias de príncipes, que eles usavam nos desfiles de carnaval.
11 – E agora lá se vão meus abraços para Raimundo Campos, João Bosco Fernandes, Gilson Fernandes, Abelardo Fernandes, Agnelo Muniz, Moab Leite Advincula, Marçal Lima Filho, Ivo de Lindolfo, Carlos de Karlota, João de Karlota, Zé de Lourenço, Sales Cordeiro, Dinalvo Carlos, Zé Adaino, Veronese Lima, Alexandre Maia, Everaldo Maia, Antonio Lira, Antonio Carlos, Antonio Laurindo, Marçal de Batista, Nelson Cabeção, Tenório Nóbrega, João Vanildo, Damião Antas, Eduardo Abrantes, Neno de Mirabô, Joca Fernandes, Bosco Fernandes, Bezinho Fernandes e Antonio Gordão.
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