1 – Hoje e todos os sábados vou prestar uma homenagem a figuras do nosso cotidiano. A de hoje será a Marcone Formiga, jornalista do meu tempo que daqui se foi faz um tempinho morar em Brasília e em Brasília fincou raízes, fez grandes reportagens, trabalhou em todos os jornais do Distrito Federal e terminou dono de editora e de uma das mais lidas revistas do país. É que mexendo nos meus alfarrábios encontrei o livro de Marcone, “Bastidores”, no qual narra o folclore dos políticos da terrinha. Uma delícia de livro que vale a pena ser compartilhado, pelo menos em parte, com meus amados leitores. Daqui até o final, só vai dar Marcone Formiga, à exceção dos abraços que serão meus:
2 – Na seca de 1951, o prefeito José Dias, de Bonito de Santa Fé, conseguiu alguns gêneros alimentícios com uma entidade filantrópica pessoense e precisava de transporte para levá-los.
Recorreu ao governador José Américo de Almeida, a quem pediu um caminhão.
– Mas, meu caro Duquinha, Bonito de Santa Fé é muito longe…
– Não senhor, fica no meu local onde o senhor foi pedir votos.
3 – Antes de ser governador, Ernani Sátyro só vinha à Paraíba em campanha eleitoral, para assegurar seu mandato de deputado. Era normal, então, que ficasse desinformado sobre os novos costumes. Numa dessas vindas, foi participar de um comício na zona rural de Cajazeiras.
Depois do comício, houve um baile do qual Sátyro participou. O que era muito raro acontecer, começou a dançar, e ficou empolgado com as músicas sertanejas. Uma hora depois, suando muito, Ernani gritou do meio do salão:
– Amigo velho, pare a concertina, vamos oferecer gasosa às senhoras e tomar um quinado prá esquentar.
4 – Em seu gabinete de trabalho, o governador João Agripino viu-se envolvido em um problema difícil, que exigia solução imediata. Duas mulheres se apresentavam grávidas e afirmavam que o pai das crianças era um soldado do Corpo de Guarda do Palácio da Redenção. Exigiam que Agripino punisse ou fizesse com que ele casasse com uma delas.
– Mas que nada! Tragam o homem imediatamente, que quero condecorá-lo.
5 – Eleito prefeito de Sousa, Zabilo Gadelha, no dia seguinte após a apuração das urnas recebeu em sua casa um correligionário que tinha viajado 22 quilômetros a cavalo, apenas para parabenizá-lo.
Zabilo, temendo que a visita fosse pretexto para pedir dinheiro, no momento em que o eleitor estendeu-lhe a mão, saiu-se com essa:
– É, fui eleito. Mas já soube de tudo, o senhor não votou em mim.
6 – Na campanha de 1972, o padre Levi Rodrigues realizou uma passeata que ainda hoje é lembrada no país inteiro, pela cobertura dada por jornais, emissoras de rádio e televisão: de jumentos.
Ia na frente, comandando a passeata, usando uma batina preta, quando alguém gritou:
– Burra preta!
Levantando o braço direito, respondeu:
– Está entre as pernas da mãe, filho da puta!
7 – O jornalista Severino Ramos começou a sentir alguns sintomas de úlcera e procurou o deputado Manoel Gaudêncio para pedir uma prescrição médica. Estava preocupado e era incomodado com uma constante azia. A recomendação de Gaudêncio, médico e deputado, foi a seguinte:
– Uisque, diariamente. Mas tem que ser Old Parr.
8 – O coronel Pedro Belmont, quando era Chefe da Casa Militar do Governo Pedro Gondim, foi informado sobre solenidade de recepção no Palácio da Redenção. Era o governador do Lions que ia chegar.
Bemont não entendeu bem, e mandou que a Guarda de Honra fosse preparada, pois pensou que fosse um governador de Estado. Depois de prestadas as honras militares, foi que os membros da comitiva do Clube de Serviço, bastante surpresos, souberam do equívoco.
9 – O advogado Raymundo Asfora estava em um clube campinense acompanhado por duas jovens. O diretor social veio reclamar, afirmando que se tratava de mulheres suspeitas.
– Suspeitas não. Elas são prostitutas. Suspeitas são as que estão aí – afirmou Asfora.
10 – Em uma solenidade de inauguração realizada no município de Bananeiras, o secretário de saúde, Clóvis Bezerra, foi o orador. O deputado Severino Ramalho Leite, seu inimigo pessoal, era o único parlamentar presente. Clóvis, ao saudar as autoridades, procurou omitir o nome de Ramalho, e disse:
– … exmos. Srs. Deputados…
Depois da solenidade, conversando com amigos, Ramalho explicava:
– Eu dou trabalho a ele por mais de um deputado.
11 – E os abraços de hoje vão para José Cláudio Pontes, Júlio Santana, Chico Pinto, Nélio Leite, Pedro Montenegro Filho, Fernando Valaque, Zé Euflávio, Nonato Guedes, Jackson Bandeira, Agnaldo Almeida, Frutuoso Chaves, Rubens Nóbrega, Teócrito Leal, Sérgio de Castro Pinto, Josinaldo Malaquias, Antonio David Diniz, Evandro Nóbrega e Alarico Correia Neto.
12 – O prefeito Domiciano Francisco de Melo, de Condado, resolveu escrever um livro de memórias, com o título “Eu me fiz por si mesmo”.
2 Comentários
Ramalho Leite é uma lenda viva
Obrigado, Tião, pelo cumprimento. Abraços.