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Porque hoje é sábado

11 de maio de 2024

1 – O centro de João Pessoa, morto durante a semana, renasce nas manhãs de sábado com o “Sabadinho Bom”, encontro que acontece na Praça Rio Branco, entre as ruas Duque de Caxias e Visconde de Pelotas. Centenas de pessoas se espalham pela praça e curtem as manhãs coloridas com muito samba, animados papos, comidas e bebidas.

 

2 – 1berto de Almeida, o malabaristas de palavras, não perde um. E até perde quando está viajando ou cuidando de alguma emergência no seu Jaguaribe. Antônio David Diniz também aparece por lá e faz questão de registrar tudo com suas lentes fotográficas.

 

3 – Outro ponto de ebulição sabadal no centro de João Pessoa é a Livraria do Luiz, na Galeria Augusto dos Anjos (começa na Duque de Caxias e termina na Praça 1817). Os intelectuais da cidade se reúnem para debater assuntos acadêmicos, beber cafezinho e colocar em dia as suas leituras.

 

4 – O time da Livraria do Luiz é formado, entre outros, por Chico Pinto, Hildeberto Barbosa, Sérgio de Castro Pinto, Antônio David Diniz, Zé Nunes, Durvalzinho Lira, Chico Pereira, 1berto de Almeida, as vezes Gonzaga Rodrigues, João Costa, Sérgio Botelho e Augusto Moraes.

 

5 – Terminada a sessão literária, esse mesmo grupo se desloca para um barzinho de nada nas proximidades do Mercado Central para comer cabeça de bode guisada e beber cerveja. Chico Pinto não bebe, mas come. Está com mais de cem quilos de tanto comer miolo de bode.

 

6 – Mas as mazelas do centro continuam, mesmo no sábado. Na Praça João Pessoa, por exemplo, o visitante se depara com a convivência pacífica da majestosa estátua do ex-governador com os sem teto que transformaram a praça em casa de morada.

 

7 – Eles se espalham pela praça, seus colchões sujos e amarrotados cobrem o passeio daquela que já foi cartão postal. E a miséria contrasta com a vizinhança ilustre dos chamados Poderes Constituídos.

 

8 – Mais adiante, no Pavilhão do Chá, a sujeira campeia. Drogados acendem seus cigarros de maconha e fumam espiando o Palácio da Justiça. Nem as putas querem mais o Pavilhão como ponto de encontro. Fugiram de lá para não perder a freguesia.

 

9 – Eu alcancei o Pavilhão nos dias gloriosos. Quem queria beber, bebia a cerveja mais gelada da cidade. OS garçons vestiam paletós brancos e enfeitavam o pescoço com gravatas borboletas. Ali era servido um saboroso sorvete. E se comia do bom e do melhor.

 

10 – Dividi mesa com Chico Pinto, com Jackson Bandeira e com Pedro Moreira. Também sentei ao lado de Eilzo Matos, Edvaldo Motta e Gilvan de Brito. Os juízes e promotores costumavam frequentá-lo. Hoje nem as putas querem mais.

 

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Pedro Macedo Marinho, Jorge do Detran, Rubens Nóbrega, Edson Vidigal Pai, Edson Vidigal Filho, Zeca Ricardo Porto, Chico Ferreira, Cícero Lima, Odon Bezerra, Neno de Lero, Nanego Lira, Sandra Coutinho, Albiege Fernandes, Ana Clara de Jesus Maroja Nóbrega, Glauce Maria Navarro Burity, Carmen Franca, Sany Japiassu, Lilia Muniz Fernandes e
Giovanna Mayer.

 

12 – Um servidor do gabinete do prefeito Damásio Franca faltou ao trabalho e mandou dizer que estava com dor de dente.

Seu Damásio, naquele mesmo dia, passa casualmente em frente à Fava do Bosco e avista o “doente” divertindo-se com uma meiota da braba.

Chega perto do servidor gazeteiro e constata:

– Está anestesiando o dente, né seu cabra!

Pela gola da camisa, leva-o, de carro, até o consultório de doutor Cícero Pereira, só saindo de lá quando o “paciente” teve o seu dente arrancado.

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