1 – As pessoas estão vindo passear em João Pessoa e ficam de vez, dizem que é uma cidade boa pra se morar, tem praias lindas e o custo de vida é baixo. Isso e bom e é ruim ao mesmo tempo. A cidade está se enchendo, superlotando, crescendo demais e a supervalorização dos imóveis já se faz sentir, além da carestia que está às vistas.
2 – Ontem eu escutei uma mulher se gabando de ter comprado um apartamento em Intermares por 2 milhões e meio. E fiquei besta com o tamanho do imóvel: 75 metros quadrados, uma gaiola de passarinho.
3 – Mas é disso pra cima. Experimente comprar uma casa no Geisel, no Funcionários II ou no Grotão! A pedida é 400 mil e olhe lá. Subiu tudo, até a vara do velho voou para o infinito das alturas celestiais.
4 – Quem conseguiu seu imóvel no passado, preserve, porque se vender, adeus Tia Chica! Não compra mais. Com o salário que recebe, o único a permanecer estável e estático, não compra nem uma biboca.
5 – E nem vai poder mais se valer da Cehap ou do finado Ipep, que faziam casas populares e as entregavam a custo zero aos mais carentes, porque, se esses dois órgãos públicos ainda existem, esconderam suas caras debaixo do chão como faz o avestruz.
6 – Vá comer num desses restaurantes da orla pra sentir como andam as coisas. Qualquer pratinho é 160 reais. E vem aquela bolota no meio do prato que não dá nem pra encher o buraco do dente. O cabra come mastigando caroço por caroço pra demorar a acabar.
7 – E os selfs inventaram o prato popular que só dá direito a dois pedaços de carne. O sujeito tem que se contentar com dois pedacinhos de nada, nem caldo tem, nem graxa para melhorar o sabor existe mais.
8 – Portanto, senhores turistas e futuros vizinhos, vocês são bem-vindos, mas fiquem sabendo que num futuro não muito distante ficarão só vocês morando aqui. A raia miúda vai se mudar para os matos e comer rolinha assada na brasa em espeto de pau.
9 – Se bem que o interior também está ficando inviável. Vejam Bananeiras. Tudo lá está pela hora da morte, a começar pelos imóveis. Dia desses alguém comentou que um senhor de fora chegou num dos condomínios da cidade anunciando que queria comprar 10 casas a 4 milhões cada uma. E no dimdim, a vista.
10 – Nos restaurantes os preços são impraticáveis. Só se salva Dona Beta, que continua cobrando o preço antigo pelos seus pratos de bode, de picado, de galinha e de carne assada. Mas, até quando?
11 – Mas deixemos para lá, vamos mandar abraços sabadais porque hoje é sábado, dia de abraçar gente como Edson Vidigal Filho, Mário Gomes, Herbert Fitipaldi, Diego Lima, Maurílio Batista, Chico Pinto Neto, Zé Lacerda, Jorge do Detran, Biu da Câmara, Efraim Morais (o velho), Totonho de Seu Mano, Everaldo Maia, Zé de Edezel, Joca Fernandes, Maguila de Bananeiras, Ricardo Ramalho, Ramon Moreira, Chico Franca, Glauce Burity, Carlos Candeia, Gláucio Nóbrega, Pedro Cirne, Ricardo Coutinho, Gilberto Carneiro, Luiz Motorista, Sargento Nivaldo, Felipe Silvino, Ricardo Lucena, Joseride Lucena, Bigu de Jacumã, Zé de Chumbinho e Mana de Odilon.
12 – Dona Rosa entrou na Delegacia e denunciou ao sargento Muriçoca que Bastinho do Mulungu tinha bulido com a sua filha, adiantando até mesmo que possuía testemunha de vista, na pessoa de Tulino de Dona Zezé.
O sargento mandou chamar Tulino e perguntou:
– É verdade que o senhor viu os dois copulando?
Tulino botou a mão no queixo e, após pensar um pouco, respondeu:
– Seu delegado, pelo que vi só tava pulando o dele.”
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