Porque hoje é sábado

1 – O São João acabou-se, não existe mais São João, pelo menos aquele São João das fogueiras, dos balões, dos foguetões, do forró autêntico, da sanfona, da zabumba, do pandeiro, do triângulo, do cantador  e do pinicado, esse deu lugar aos shows de cantores sertanejos, dos Aloks da vida. Deturparam, mataram, exterminaram, nem a alma do santo escapou.

 

2 – Começo pela minha terra, eu era menino e via o pavilhão construído na praça, lá dentro a quadrilha com suas dançarinas enfeitadas e dançarinos em trajes caipiras, Parajara gritando “anarrié” e os pares a desfilar seus encantos pela pista de dança numa festa de cores que dava gosto ver. Mais tarde a festa foi para o meio da rua, mas continuou autêntica, até uma vilazinha de casas com jeito sertanejo foi erguida para dar mais encanto aos festejos.

 

3 – Isso tudo mudou, se acabou, se esvaiu. Criaram agora um São João Fora de Época (quanta falta  de criatividade, meu Deus!) que nada mais é do que um show em praça pública com um cantor sertanejo que nada entende de São João mas que cobra o cachê a peso de ouro, entoando suas baboseiras para um público frio e apático.

 

4 – Mas não é só em Princesa, virou epidemia, se repete em todas as grandes, médias e miúdas cidades, cantores de toadas estranhas ao mundo nordestino invadem os espaços e tiram de campo os sanfoneiros, os forrozeiros, os tocadores de fole, os cantores de baião, xote e xaxado.

 

5 – Ainda bem que Luiz Gonzaga está morto e não vê a que reduziram o São João, o São Pedro, a festa do povo nordestino.

 

6 – Eu mesmo não saio da minha casa, do meu cantinho, do meu aconchego, para ir ao relento ouvir um Alok da vida requebrar a bunda e tocar música eletrônica, nem Leonardo chorar na rampa com seus bolerões a lá Goiás. Fico em casa, boto uma música de Dominguinhos na vitrola, encho o rabo de cachaça, como pamonha, canjica e milho e vou dormir peidando para o mundo.

 

7 – A São Braz inaugurou fábrica na Bahia, a TV mostrou festa chique, gente do soçaite baiano, o governador da Bahia, vi um ministro de Lula rasgando elogios ao evento, 300 empregos garantidos, um primor. Daqui um time seleto de convidados, com destaque para o radialista Maurílio Batista, o cabra mais valente que existe de Santa Rita até a Fortaleza de Santa Catarina.

 

8 – A briga está boa lá pras bandas da federação que vai juntar PP e Republicanos num mesmo bloco. Ao ouvir as exigências do senador Efraim, o vice-governador Lucas Ribeiro sugeriu mais humildade ao rebento dos Morais e acunhou: “O foguete dele está começando a dar ré.”

 

9 – Bananeiras está quente, até se parece com Patos Espinharas, tudo isso tem a ver com a epidemia de condomínios construídos e em construção no município. Estão derrubando matas para construir condomínios, o verde dá lugar às construções e a natureza começa a impor seus castigos.

 

10 – As redes sociais estão se transformando num imenso obituário, tem gente morrendo em filas, gente jovem e gente velha, quem entrou na casa dos setenta segure a senha porque a mardita está vindo.

 

11 – E lá se vão meus abraços sabadais para Diego Lima, Mario Gomes Filho, Herbert Fitipaldi, Ricardo Coutinho, Gilberto Carneiro, Tadeu Mendes Florêncio, Marcos Burrego, Gaudêncio Cabral, Cícero Lima, Romualdo dos Correios, Coimbra Maia, Fernando Caldeira, Ulisses Barbosa, Germano Ramalho, Giovani Meireles, Fabio Mozart, Rubão Nóbrega, Jocelino Tomaz, Paulo Freire, Pedro Freire, Assis Freire, Carlos Magno, Walter Paiva, Pedro Macedo, Radomécio Leite e Raniery Abrantes.

 

12 – Severino Cabral foi orientado por assessores para, nos discursos de campanha, se referir ao máximo possível de interlocutores na hora da saudação. E ele fez isso ao discursar na inauguração do cemitério num distrito de Campina Grande:

 – Conterrâneos e subterrâneos…