Trago comigo a imagem daquela secretária particular olhando pra mim com um sorriso que denotava satisfação e zombaria, como a dizer: “Quem eras tu, quem sois agora”.
E já se passaram 25 anos.
O mandato do prefeito Chico Franca acabara, o novo prefeito estava empossado e eu, já ex-secretário de Comunicação Social, fui convidado pelo meu substituto, jornalista Carlos César, para ir ao seu gabinete passar-lhe algumas dicas de como funcionava a Secretaria.
Marcamos para às 9 horas, cheguei pontualmente, mas Carlos, por motivos que não lembro, ainda não estava .
Reencontrei a minha ex-secretária, sentada atrás do velho birô postado próximo a porta de acesso ao gabinete do chefe.
Perguntei pelo secretário, ela disse que ele não estava. Fiz ar de contrariado, sentei-me na poltrona destinada às visitas e de lá vi minha antiga “amiga” esboçar um sorriso de desdém para sua auxiliar ao seu lado.
Aquela frase muda que entendi e gravei: “Quem eras tu, quem sois agora”.
Depois, morta de piedade, perguntou se eu não preferia esperar pelo secretário lá dentro do gabinete.
Não foi preciso. Carlos chegou, apertou minha mão e convidou-me a entrar com ele para uma conversa sigilosa.
Uns 30 minutos depois me despedi do secretário, acenei para minha zombeteira ex-secretária e fui embora.
E ela até hoje não soube que seu emprego foi mantido a meu pedido.
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Por isso não me contamino com cargos ou posições.
Posso estar hoje no topo da pirâmide ou lá no subsolo, tanto faz. Não mudo minha maneira de ser, de falar e de agir.
Não troco meu Bar de João, meu cuscuz da Torre ao lado de Paulo Mariano, de Gerbasi, de Edmilson e de Miguezim, minhas tertúlias com Vavá da Luz, o bode de Seu Clóvis da Cabrita ao lado de Geordim e de Fred, por esses suntuosos ambientes abertos para receber autoridades.
A fama é passageira, a felicidade não.
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