A minha total ojeriza a Jair Bolsonaro se deve a minha origem. Não nasci rico, jamais fiquei rico, no limiar da aposentadoria ainda conto o dinheiro do mês para ver se a despesa bate com a receita e, por conta disso, não tenho como apoiar um presidento adorado pelos nascidos em berço de ouro, acostumados ao luxo e a ostentação.
Sou, como se diz lá em Princesa, um ”tai de faca” irreversível. “Tai de faca” era o termo usado pelos conterrâneos para separar os bem nascidos dos que nasceram na marra. A turma do Cancão era “tai de faca”, a da Rua Grande “a alta sociedade”, os de lá não se misturavam com os de cá e vice-versa.
Depois, muito tempo depois, as bolas se inverteram. Os “tai de faca” ganharam dinheiro, os da sociedade passaram a viver da fama e a pedir dinheiro emprestado aos antigos desafetos, o “Cancão” virou mar e a Rua Grande, de antigos e suntuosos casarões, virou rua de comércio, abrigo de lojas e armazéns.
Mas eu continuei “tai de faca”. A gente se acostuma com o que é. E até gosta. Eu gosto.
E por gostar, não voto nem apoio Jair Bolsonaro.
Meu carro é modesto e para apoiar Jair tem que possuir carrão. Eu os vi desfilando, pareciam pequenos palácios a flutuar no asfalto.
E não me venha Marcos Pires dizer que todos eram falsos ricos pendurados em carnês jamais honrados. Não acredito que aquilo seja só fingimento.
Eles e elas têm a pele macia, os dentes brilhantes, desprezam o uso de máscaras (a máscara empanaria suas plásticas) as mulheres têm bundas roliças e arrebitadas, peitos pontudos e quando passam ao largo despertam suspiros na turma que só pode ver com os “zói” e lamber com a testa.
Já a nossa plebe ignara, da qual faço parte, usa chapa de 15 contos fabricada em Cruz das Armas, toma banho com xampu Colorama, ajeita os cabelos usando trim e, nas horas de lazer, toma cachaça com mocotó de boi no barraco de João.
Consta que um deles inventou de experimentar o uísque e passou 15 dias se cagando.
E nunca mais quis saber do bicho.
A nossa sorte é que Lula também é chegado a uma branquinha com maxixe.
1 Comentário
Infelizmente, na minha Campina Grande, existe um moi de pessoas que nasceram e vivem no “Tai de faca” e pensam e agem como se fossem da Rua Grande e quando o energúmeno que está presidente convoca essa gente escrota pra essas micaretas golpistas e reacionárias, eles saem todo ancho no seu Golzinho 2005 ou mais velho, todo envelopado numa bandeira, desfilando a mais triste ignorância do pobre que não se enxerga e não sabe discernir quem ele realmente é, quando chega o dia seguinte, ele se depara com a realidade, mesmo assim não aprendem. Pobre de direita é uma bosta mesmo!