Porque sou amigo de Ricardo Coutinho

Aos que perguntam porque estou do lado do ex-governador Ricardo Coutinho, quando poderia continuar, se quisesse, desfrutando da boa sombra e da água fresca do Governo, respondo: É o meu jeito.

Não sei cultivar a ingratidão.

E não costumo cuspir no prato que me alimentou.

Posso até estar errado, haja vista que outros pensam e agem diferente de mim.

Mas eu aprendi a ser assim e desaprender a essa altura do campeonato é impossível.

Meu pai não iria gostar. Minha mãe também não. Os dois me ensinaram que a fortuna do caráter é maior, mil vezes maior, do que a fortuna do dinheiro.

O dinheiro vem e vai como uma chuva de verão. O caráter é eterno. Fica de pai pra filho, se torna herança que não depende de inventário judicial.

Quando eu me aproximei de Ricardo Coutinho não o fiz pensando em cargo público. Eu já exercia o meu, desde os longínquos tempos de Burity.

Fui atraído pela sua competência, pelo seu jeito sério de governar e, mais do que tudo, pela lealdade que ele em incontáveis ocasiões teve para comigo.

Ainda lembro da vez que pediram minha cabeça ao governador, sob a alegação de que eu escrevia nomes feios no blog.

Ricardo recebeu o abaixo assinado, dobrou-o e mandou me entregar, não sem antes dar-me ciência, no intervalo de uma entrevista, do que tinha acontecido.

E fui seu secretário executivo de comunicação sem ser apresentado por padrinho ou madrinha. Me encontrava em casa e o telefone tocou. Do outro lado da linha Ricardo Coutinho me informava da sua decisão e adiantava que o ato sairia publicado no dia seguinte.

Durante o seu Governo, sempre me dispensou atenção de amigo. Não ia a Princesa sem me convidar para acompanhá-lo. Mesmo antes de me tornar secretário, convidava pessoalmente para a sua festa de aniversário.

Aí o cara deixa de ser governador, não pode mais me nomear para coisa alguma e por isso vou desprezá-lo, trocá-lo por amor novo?

Troco não, meu senhor. Se ficar um único amigo ao lado de Ricardo Coutinho, esse amigo serei eu. Chova canivete aberto, o chão empene, dê a bixiga lixa, o cão do umbuzeiro se vire num traque, apareça mandinga, feitiço, catimbó, praga de urubu, a mulesta dos cachorros, a peste suína e nem assim eu abrirei mão dessa amizade.

E quem achar ruim, não gostar ou se doer, se interne no hospital e beba uma meizinha.