A fidedigna fonte que me abastece de notícias à cada entardecer bateu na minha janela com seu dedinho enxerido e soprou:
– O presidento descobriu que foi o Véi Capuxu com seu cigarro pacaia de Arapiraca quem tocou fogo nas matas. Ele e o índio Chico Buchudo de Baía da Traição. E sabe quem contou pra ele? Sabe não? Foi o delega que está assim/assim com o homem.
-Assim/assim?, ainda perguntei. E a fonte:
-Tão tão assim que tibungaram, os dois, no paredão do açude, dando saltos mortais.”
Eu não sei se é verdade o que me foi dito, mas ouvindo o discurso do homem, fiquei pendido a acreditar na versão dita no ocaso deste dia pela fonte fidedigna.
Claro, pra disfarçar ele, o presidento, utilizou o plural. Jogou a responsabilidade nos ombros dos pardos e índios como um todo. Mas a gente espreme e conclui pela culpa dos dois ilustres conterrâneos, ao mesmo tempo em que bate palmas para o nosso querido delega, homem caprichoso e cheio de façanhas, acostumado a enfrentar os mais perigosos bichos do mato e a derrubar os mais endiabrados quadrupedes.
E viva o Brasil, campeão de preservação, governado por um presidento assaz humano, que enfrentou a pandemia recente e evitou a morte de 130 e tantos mil brasileiros. Aqui no Brasil não morreu ninguém, ficou todo mundo vivo, porque morrer de pandemia só morre quem mora em países atrasados de Oropa, França e Bahia, jamais nas terras tabajarinas cuidadas por gente altamente mais ou menos como é o caso sobre o qual nos debruçamos.
Quanto a Seu Capuxu, véi treteiro e namorador, nem sei mais o que dizer. Prender o homem é criar problema, vez que ele casou recentemente e emprenhou a mulher, uma bonita morena de avantajadas ancas que conheceu no Alto das Populares. Aliás, o menino nasceu lindro, loiro, olhos verdes, um encanto. Ao ver o rebento, o enfermeiro olhou para Seu Capuxu e questionou a paternidade. O véi, safado como sempre, sorriu e desconversou:
– É meu. O véi aqui ainda dá no couro. Só perdeu a tinta.
De modo que hoje demos um show na ONU e com certeza o nosso mito conseguiu amaciar o ego do seu primo legítimo, o homem dos states, o tal de Donaldo Trompa.
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