Com a alta popularidade do petista na região, que responde por 27% do eleitorado brasileiro, há apenas indefinições na Bahia, Ceará e Sergipe.
O MDB foi o partido que articulou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. As negociações entre o MDB
e o União Brasil (partido resultado da fusão entre DEM e PSL) para se unirem numa federação não prosperaram até o
momento. Também havia conversas, em estágio menos avançado, com o PSDB. Informações de bastidores da cúpula do
MDB, que lançou a pré-candidatura da senadora Simone Tebet à Presidência da República, apontam que a probabilidade de a
legenda fechar acordo para a federação é bastante pequena
O PT também já não nutre esperança de conseguir se unir ao PSB em torno do novo instrumento eleitoral. Impasses nos
Estados e a própria composição da federação travam o processo. O ex-prefeito Fernando Haddad, pré-candidato ao governo
de São Paulo, confidenciou no início da semana ao presidente nacional do PV, José Luiz Penna, que não acreditava mais no
ingresso do PSB.
Ala expressiva do MDB no Nordeste, liderada pelo senador Renan Calheiros (AL) e o ex-senador Eunício Oliveira (CE), tenta
fazer com que a legenda desista da candidatura de Tebet para apoiar Lula já no primeiro turno. A senadora ainda não
conseguiu decolar nas pesquisas eleitorais de intenção de voto.
PT e MDB vão estar no mesmo palanque em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão e Piauí. Há
possibilidades ainda de os dois partidos também integrarem alianças no Ceará e na Bahia. Em Sergipe, um acordo entre as
duas siglas é considerado improvável.
No Estado, o PT lançou a pré-candidatura do senador Rogério Carvalho, que ganhou destaque na CPI da Covid.
Em Alagoas, o PT sempre orbitou em torno dos Calheiros. O partido integra o primeiro escalão do governo de Renan Filho. Ele
deixará o cargo em abril para concorrer ao Senado. O PT vai apoiar a chapa pura do MDB encabeçada pelo deputado estadual
Paulo Dantas. O principal adversário é o senador Rodrigo Cunha (PSDB), que se colocou na disputa pelo governo alagoano. No
Estado, onde os petistas não têm expressão, a prioridade da sigla é reeleger o deputado federal Paulo Fernando do Santos,
conhecido como Paulão.
Em Pernambuco, importante colégio eleitoral do Nordeste, o MDB faz parte da chamada Frente Popular desde 2012. A união
reúne 12 partidos em apoio ao governo do PSB. Tendo como maiores lideranças o senador Jarbas Vasconcelos e deputado
federal Raul Henry, a legenda estará mais uma vez no mesmo palanque do PT, que deve ficar com a vaga do Senado na chapa
encabeçada pelo deputado Danilo Cabral (PSB).
Numa movimentação articulada por Lula, o PT retirou a pré-candidatura do senador Humberto Costa ao governo de
Pernambuco em favor do PSB para ter mais uma carta na manga na negociação que trava com o partido em São Paulo.
Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) são pré-candidatos ao governo paulista. Nos bastidores do PSB pernambucano,
com peso histórico nas decisões da sigla, a desistência de França já é dada como certa.
Na Paraíba, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) lançou a pré-candidatura ao lado do ex-governador Ricardo Coutinho
(PT). Apesar de ainda enfrentar problemas na Justiça Eleitoral, o petista vai tentar concorrer à vaga única do Senado. Ele
encontra resistência no PT local, mas conta com o aval do ex-presidente Lula para implementar seu plano eleitoral.
O governador da Paraíba, João Azevêdo, recém-filiado ao PSB, tenta a reeleição. Rompido com Coutinho desde 2019, já
declarou que seu palanque no Estado está aberto para receber Lula. Azevêdo deixou o Cidadania logo depois de o partido
aprovar federação com o PSDB. Os tucanos, que fazem ferrenha oposição ao seu governo, lançaram a pré-candidatura de
Pedro Cunha Lima, filho do ex-senador Cássio Cunha Lima.
No Rio Grande do Norte, PT e MDB também devem caminhar juntos. Inicialmente, Lula sugeriu a Garibaldi Alves, cacique do
MDB local, que ele deveria concorrer ao Senado na chapa da governadora Fátima Bezerra (PT). No entanto, após negativa de
Garibaldi, quem deve ser indicado para a vaga é o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT). No segundo turno das
eleições de 2018, ele apoiou o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O MDB no Rio Grande do Norte passou a reivindicar a vaga de vice. A ideia era colocar o deputado federal Walter Alves, filho
de Garibaldi Alves. A governadora tem resistido e quer manter seu vice, Antenor Roberto (PCdoB). No arranjo eleitoral,
Garibaldi Alves vai disputar vaga na Câmara. Walter Alves deve concorrer a deputado estadual. Há acordos com a governadora
para que, se eleito, ele assuma a presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.
No Piauí, o MDB vai ocupar a vice do PT na chapa de Rafael Fonteles. O indicado pelo partido é o presidente da Assembleia
Legislativa, Themístocles Filho (MDB). O governador Wellington Dias (PT) vai tentar voltar ao Senado.
A situação no Maranhão está praticamente definida. O MDB e o PT estarão juntos no apoio ao pré-candidato ao governo
Carlos Brandão. Na mesma chapa, o governador Flávio Dino (PSB) tentará o Senado. Brandão é vice de Dino e deve migrar do
PSDB para o PSB. Do outro lado, há o senador Weverton Rocha (PDT), que faz pré-campanha ao governo estadual exaltando o
ex-presidente Lula.
Indefinições
No Ceará, o MDB ainda não se decidiu. O ex-senador Eunício Oliveira, adversário de Ciro Gomes (PDT), já declarou apoio a Lula
no primeiro turno. O emedebista é contra a federação e diz que o partido só vai decidir quem apoiar mais na frente. “Não tem angústia”, afirma. O PDT, com o apoio do PT, lançou a pré-candidatura ao governo de Izolda Cela, atual vice-governadora. O
governador Camilo Santana (PT) vai concorrer ao Senado.
Na Bahia, o MDB também ainda não definiu em que palanque vai subir. “Na minha visão, o MDB é um partido de centro. A
legenda pode decidir ir para um lado, para outro e está tudo bem”, afirma o presidente de honra da sigla na Bahia, Lúcio Vieira
Lima. Há a possibilidade de desistência da disputa do ex-governador Jaques Wagner (PT). Neste caso, o senador Otto Alencar (PSD) poderia figurar na cabeça de chapa. O principal adversário do grupo governista é o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto(União Brasil)
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