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QUANDO O POVO QUER, NÃO TEM JEITO QUE DÊ JEITO

29 de agosto de 2021

Esse povo que se reúne em gabinetes para traçar os destinos de uma eleição esquece de um detalhe bastante interessante: o eleitor.

De nada adiantam esquemas, cochichos, negociatas, tome lá dê cá, porque o eleitor, calado e cansado de tanta treta, está só esperando a hora certa para cravar sua vingança no teclado da urna.

E isso não é novidade. Pelo menos aqui na Paraíba, não é.

Na década de 60 houve uma eleição para prefeito de joão Pessoa que ficou na história.

O governador Pedro Gondim, com a popularidade nas alturas, apresentou Robson Espínola como o ungido do Palácio.

Robson fez uma campanha riquíssima.

Os seus comícios eram verdadeiras apoteoses.

Escanchado no prestígio do governador, Robson tinha dificuldade para administrar tantas adesões.

O esquema era tão forte que o PSD, partido adversário, estava disposto a não disputar a eleição.

Pra que disputar, se ia perder?

Mas aí apareceu Domingos Mendonça Neto, liso, vereador inexpressivo, sem apoio nenhum, desacreditado pela cúpula do PSD que quase lhe nega legenda, mas disposto a ir à luta.

E a campanha era desigual.

Os comícios shows de Robson contrastavam com as passeatas noturnas, pés no chão, de Domingos.

Robson trafegava pelos bairros montado em carro do ano, Domingos ia às feiras calçando chinelo, entrava nas casas, botava menino catarrento nos braços, mexia nas panelas, catava um pedaço de carne e comia ali mesmo, sem vaidades, gente como a gente da casa.

Veio a eleição.

E Robson perdeu.

Domingos foi eleito pelo voto silencioso do povo.

A outra eleição foi a de Burity em 86.

Adotando o slogan “Do jeito que o povo quer”, Burity enfrentou a máquina de Wilson Braga, o dinheiro de Zé Carlos da Silva Júnior, o poderio econômico de Milton Cabral, as usinas dos Gadelha e ganhou de cabo a rabo.

Marcondes percorria o Estado de helicóptero, Burity viajava de carro.

Marcondes armava palanques, o palanque de Burity era uma carroceria de caminhão.

E o eleitor silencioso fez barba, cabelo e bigode.

Elegeu o governador com uma diferença de 300 mil votos e fez Wilson Braga amargar sua primeira derrota para o Senado para um noviço vendedor de carros chamado Raimundo Lira.

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3 Comentários

  • Reply Airton Calado- Campina Grande 29 de agosto de 2021 at 18:56

    Essa de Lira foi a força do plano cruzado, … O MDB elegeu tudo naquela eleição

  • Reply Augusto 30 de agosto de 2021 at 05:34

    Em 2018, ocorreu isso em vários estados do Brasil, principalmente no Rio, Minas, Santa Catarina e Rondônia. Governadores com menos de 5% nas pesquisas conseguiram ganhar as eleições.

  • Reply Chico Oliveira 30 de agosto de 2021 at 06:53

    UM PAR DE CÉRBEROS MADE IN PARAÍBA DE BOA QUALIDADE: Esse Lira não é Lyra, nem Raimundo é João. Entenderam? João morreu (12/08), falido. Raimundo segue vivo, esperto e rico com força. Todas as obras futuristas construídas sob gestão do ex-governador Tarcísio de Miranda Burity, tais como o Hemocentro, Espaço Cultural, Mercado de Artesanato, Conjunto Habitacional Mangabeiras e várias outras, nenhuma delas foram descartáveis ou inúteis ao povo. Hoje as construções públicas em geral são muito claras e obsoletas desde seus projetos. Mas as inconfidências e corruptelas nas licitações são uma mina de ouro, para poucos.

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