Ronaldo Cunha Lima tinha apenas seis pontos percentuais nas pesquisas de opinião ao se lançar candidato ao Governo do Estado, em 1990. O grande favorito era Wilson Braga, com quase 80 pontos e uma fama de bom administrador. Ronaldo estava tão inexpressivo naquele início de campanha que foi fazer um comício em Princesa e só não ficou no meio da rua, sem ter quem o recebesse, porque apareceu um vereador chamado George Carvalho que tomou para si a parada de divergir das forças políticas tradicionais do lugar e organizou o comício.
O poeta de Campina tentara a candidatura em 1982, mas o PMDB optou por Antonio Mariz e, em 86, Burity, que nem do PMDB era, foi o preferido. Na ótica dos caciques peemedebistas, tanto Mariz, quanto Burity, reuniam mais condições de vencer o pleito. Mariz perdeu feio em 82. Mas, em 86, Burity não somente venceu, como elegeu, de roldão, os dois candidatos ao Senado, Humberto Lucena e Raimundo Lira.
Por isso Ronaldo declamava, no início da campanha: “Em oitenta e dois/ficou pra depois/em oitenta e seis/ não foi minha vez/mas em noventa/ninguém me sustenta”.
Assim que começou o guia eleitoral, Ronaldo partiu para cima de Braga. Denunciou que ele, quando governou o Estado entre 82 e 86, construiu açudes em propriedades particulares, botou a família inteira para trabalhar no Estado e, o mais grave, teria sido o mandante da morte de Paulo Brandão.
O governador Burity não apoiou Ronaldo, pois estava esmagado pela hostilidade do PMDB, que inviabilizou seu Governo e o fez deixar o Palácio com a fama de mal pagador. Mas não quis apoiar o outro candidato, por quem foi perseguido e a quem perseguiu, dando o troco, ao assumir o Governo. Note-se que Braga e Burity eram parentes afins: as suas respectivas esposas eram primas legítimas, mas nem isso os fez amigos e aliados. Brigaram feio e Burity, para dividir o eleitorado, apresentou João Agripino Neto como o candidato do Governo. João ficou em terceiro lugar, porém garantiu o segundo turno.
No segundo turno, a conversa mudou de tom. Muitos aliados de Braga desertaram e passaram a apoiar Cunha Lima, a exemplo dos Nominando de Princesa. E Ronaldo se elegeu governador.
O poeta fez um bom Governo, mas manchou sua administração quando tentou matar a tiros o ex-governador Burity naquele famoso episódio do Gulliver.
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