opinião

QUANTOS DEPUTADOS MORRERAM?

26 de julho de 2020

RAMALHO LEITE

A morte prematura do estimado e simpático deputado Genival Matias levou-me a essa indagação: quantos e quais deputados estaduais paraibanos morreram no exercício do cargo? Os imortais Celso Mariz e depois Deusdedit Leitão nos legaram uma pesquisa sobre a história do Poder Legislativo, desde o Império à República. Eu e o confrade do IHGP, Waldir Porfirio, estamos tentando continuar o documentário a partir dos cento e cinquenta anos do Legislativo, até os nossos dias.
Antes de Genival Matias, ocorrera o falecimento, em 1974, antes da posse, mas diplomado, do empresário Gustavo Amorim da Costa, liderança ascendente de Guarabira. O deputado Tota Agra, morreu no último dia do seu mandato, em 30 de janeiro de 1999. Antes, porém, em janeiro 1995, antes de tomar posse em um segundo mandato, faleceu o deputado Levy Olímpio. A Agra restava cumprir um dia de mandato, a Levy, restava um mandato inteiro. Foram os últimos mortos.
Pretendo me ater, apenas, ao período republicano. Os primeiros registos de deputados falecidos no exercício do mandato ocorreram na Segunda Assembleia Constituinte (1892-1895). Os mortos foram Gercino Martins de Oliveira e Pedro Gambarra. Na terceira Legislatura (1896-1899) não chegaram ao seu final os deputados Antônio Tomaz de Araújo Aquino, assassinado em Piancó e Francisco da Penha Pessoa da Costa. Eleito deputado federal, Apolônio Zenaide cedeu sua cadeira. Nas vagas abertas foram eleitos Castro Pinto, Francisco Gouveia da Nobrega e Walfredo Leal nomes que se impuseram na política de sua época. Nessa Legislatura faleceu ainda Gustavo Mariano Soares de Pinho.
Interessante notar que nomes ilustres no futuro tenham começado suas vidas, beneficiados pela ausência de outros políticos mais votados. Assim, surgiu o deputado Pedro da Cunha Pedrosa, futuro federal, senador e ministro do TCU, na vaga ocorrida com a morte do coronel Graciliano Florentino Lordão. Na sexta Legislatura foi a vez de Antônio Barreto se despedir e na oitava, partiu Afonso Campos que cedeu sua vaga a Antônio Pessoa Filho que seria prefeito da capital. Outro Pessoa, esse de nome Joaquim, ocupou vaga na Assembleia com o falecimento de Felix Daltron, de Taperoá. Na decima legislatura (1924-1927) foi a vez do padre Aristides Ferreira, vítima da passagem da  Coluna Prestes pelo Piancó. Em 1928, falecia Manoel Ferreira de Andrade e  em n ova elei ção houve a assunção de um grande paraibano chamado Argemiro de Figueiredo.
A Constituinte de 1935 um acidente automobilístico matou José Tavares e também se despediu o sertanejo Seráphico Nobrega. Na Constituinte de 1947-1951, o brejo perdeu Odon Bezerra, de Bananeiras e, na sua vaga veio Telesforo Onofre, de Alagoa Grande. Na Assembleia seguinte, antes de tomar posse para novo mandato falecia Pedro Augusto de Almeida e outro político ligado a Bananeiras, assumia o seu lugar: Humberto Coutinho de  Lucena, primeiro suplente que seria depois deputado federal e senador. Era 1950. Três anos depois, foi a vez de José Marques da Silva Mariz nos deixar, abrindo vaga para Luiz Ribeiro Coutinho. Em 1957, desaparece Tertuliano de Brito.
Ainda em 1950 faleceu Francisco de Paula Barreto e assumiu o primeiro suplente Orlando Cavalcanti de Melo. Em 12 de janeiro de 1962 se despede da  vida o deputado Américo Maia de Vasconcelos e é convocado o suplente de então, um jovem quase cego que ganharia espaço e chegaria ao governo da Paraíba: Wilson Leite Braga.
Pode ser que eu tenha esquecido algum parlamentar que faleceu no exercício do mandato, mas não esqueço que fui primeiro suplente de trinta e seis deputados estaduais e de doze deputados federais e nunca, alguma vaga definitiva abriu-se para mim. Eu até avisava aos titulares: a garantia de suas vidas é me ter como suplente!

Você pode gostar também

Sem Comentários

Deixar uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.