opinião

QUANTOS DEPUTADOS MORRERAM? (2)

9 de agosto de 2020

RAMALHO LEITE

 

RAMALHO LEITE

Logo após o desaparecimento do deputado Genival Matias, publiquei uma rápida pesquisa indicando quantos e quais deputados paraibanos faleceram no exercício do mandato. Admiti que poderia esquecer alguns nomes. Depois de receber um telefonema do historiador e acadêmico Humberto Melo fiz uma revisão no texto e fui em busca de outras fontes. Constatei o esquecimento de dois nomes: os deputados Álvaro Gaudêncio de Queiroz e Luiz Ignácio Ribeiro Coutinho, o primeiro vinculado ao cariri e o segundo à várzea do Paraíba.
O deputado Álvaro Gaudêncio era deputado desde a Assembleia Constituinte de 1947 e herdara a área de atuação política do seu irmão, senador José Gaudêncio, expressão maior do epitacismo e depois, opositor ferrenho de João Pessoa. Fui quase testemunha do mal súbito de que foi vitima naquele primeiro dia de fevereiro de 1967.
Frequentador assíduo do terraço, já no quintal, onde o deputado Clovis Bezerra recebia as visitas e fazia as refeições, estava presente quando chegou o deputado Álvaro Gaudêncio, reclamando da solução encontrada pelo governador João Agripino para eleger a nova mesa da Assembleia. Era uma chamada mesa eclética, com a participação de todos os partidos. Nessa repartição do bolo, o cargo de segundo secretário coubera ao seu principal adversário no cariri, o deputado Nivaldo Brito,  herdeiro da animosidade fundada por seu pai Tertuliano de Brito, ex-presidente da Casa. Naquele tempo, os adversários não se toleravam e a ascensão de Nivaldo foi considerada pelo velho Álv aro como uma hostilidade à sua liderança. Clovis Bezerra ouviu as queixas e tentou conciliar. Álvaro se despede e parte para Campina Grande, onde residia. Na estrada, passa mal e, a 12 de fevereiro nos deixa.
Na vaga aberta com o falecimento do deputado Álvaro Gaudêncio, assume o primeiro suplente da ARENA, Silvio Pélico Porto. Tornou-se efetivo no mandato que exerceu com raro brilhantismo.
O deputado Luiz Ribeiro Coutinho, irmão de Renato e de  João Úrsulo, ambos com histórico de deputados federais era o que restava de
representatividade da família, composta ainda por um agregado político, o deputado João Batista de Lima Brandão. Luiz Ribeiro era um figura simpática. Lembro dele quando Carlos Lacerda aqui esteve, pregando sua candidatura a presidente. Em um “pavilhão de caça” existente no casarão em que residia, na  avenida João Machado, houve um encontro com a imprensa e eu estava lá. Fiquei mais distante pois era naquele tempo vinculado a Sala de Imprensa do Palácio. Luiz Ribeiro me conhecia da Assembleia, onde eu era funcionário. Aproximou-se de mim e sugeriu: “Grita aí: queremos dr. Renato para governador!”Eu que sempre fui irreverente, respondi na bucha:” Por que o senhor não grita, j&aacute ; que &e acute; o dono da casa?’  Lacerda não ouviu essa manifestação pró Renato.
O deputado Luiz Ribeiro faleceu a 4 de setembro de 1968 e na sua cadeira tomou assento o segundo suplente da ARENA, o dentista e bravo líder do Piancó, Antônio Leite Montenegro que, foi ser prefeito do Piancó e voltou à Assembleia na oitava legislatura (1975-1979), quando fomos colegas de bancada.
Por favor, não digam que esqueci algum defunto ilustre.

Você pode gostar também

Sem Comentários

Deixar uma resposta

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

3