Estou cansado de enterrar os amigos, a fila é enorme, olho para trás e os vejo indo embora, desfalcando os espaços onde antes eram tão presentes.
Ando na rua e só vejo gente nova, os velhos viraram fantasmas, sumiram, viajaram. Naquela mesa do cassino a cadeira de Bosco Gaspar está vazia, a churrasqueira de Barbosinha apagou o fogo, não tem mais ninguém no Grande Ponto de Seu João, acho que até Seu João mudou-se para além mar. As ruas velhas da velha cidade fecharam as portas, ando pela Duque de Caxias e não vejo mais o Plaza, o Municipal, a alegria de Moura no Bar da API, a cantina de Camões onde Jackson Bandeira me levou para experimentar a língua ao molho de madeira não se contentou com as portas fechadas, emparedaram portas e janelas, Camões saiu de fininho e se jogou do oitavo andar.
Onde estão Pedro Moreira, Abmael Morais, Lelo Cavalcanti, Wellington Fodinha,Martinho, Crispim, Luiz Otávio, Chapéu de Couro, Toinho Vicente, Anco Márcio, Jair Santana, Zé Maria Fontenelli, Agnaldo, Biu Ramos, Jório Machado, Toinho Hilberto, Otinaldo e Biu Batista? Eles faziam a festa nas assembleias da API, agora a API nem assembleia faz mais, abre e fecha suas portas para um mundo vazio, Calecina sumiu, não serve mais cafezinho.
Sim, ia esquecendo, Jackson Bandeira procurou o asilo, o mesmo que recebeu Carlos Aranha e o encaminhou ao cemitério.
Começo a encarar a solidão de quem ficou para fechar tudo e jogar a chave fora. Eu e Chico Pinto, mais Edmilson, 1berto de Almeida, Euflávio e alguns outros gatos pingados.
Quem ficar por derradeiro faça o favor de apagar a luz.
1 Comentário
Tião, não alcancei o Plaza, o Municipal e a API na rua Duque de Caxias. No meu tempo, esses saudosos locais já estavam instalados na rua Visconde de Pelotas.