Por GILBERTO CARNEIRO
NO MUNDO TODO, em qualquer lugar que chegar, haverá uma história de ingratidão que ouvirá. As vezes parece que a ingratidão é algo intrínseco ao ser humano e quem se mantém fiel aos seus princípios torna-se uma espécie de “ponto fora da curva”
Dane-se o senso comum, sou um dos poucos moicanos que bota fé na gratidão. Ser grato faz bem à alma.
A cura dos dez leprosos por Jesus é um exemplo claro do quanto Deus valoriza a gratidão. Jesus curou todos os dez homens, mas apenas um voltou para agradecê-lo. Imaginem! Em 17:12-19, Lucas relata com detalhes a decepção de Jesus, a sua tristeza, mas o fato é que até o filho de Deus teve o coração machucado pela famigerada ingratidão.
Aparentemente ser grato é ser meio contraditório, isso porque quem sofre com os efeitos da ingratidão não é o ingrato, mas o grato. O ingrato segue sua vida, pouco importando se passou por cima da boa-fé e da solidariedade dos outros para alcançar seus objetivos. Retribuir? Retribuir o quê? Isso é sentimento para fracos.
Entre tantas histórias de ingratidão que tive oportunidade de ouvir, retribuo relatando uma situação específica que vivi em 2014. Era ano de eleições para governador. Ricardo Coutinho então candidato à reeleição disputava contra Cássio, um ex aliado que havia rompido. Um certo dia recebi no meu gabinete, à época na condição de Procurador-Geral do Estado, um advogado que exercia um relevante cargo de coordenador jurídico na CAGEPA, por mim indicado. Disse-me: – “estou entregando o cargo. Ricardo Coutinho não tem chances contra Cássio, então vou participar do jurídico da campanha adversária”. Recebi a notícia como se tivesse levado um soco no estômago, tentei convencê-lo do contrário, mas percebi que ele estava decidido.
A campanha passou. Cássio perdeu. Poucos dias depois quem recebo novamente em meu gabinete? O advogado. De cara lisa, como se a sua atitude tivesse sido a coisa mais natural do mundo: – “Pois é, achava que Ricardo perdia. Tem como eu voltar?”
Rechacei de pronto, mas com o tempo a insistência e a manifestação que achei ser de arrependimento acabaram por sensibilizar meu coração de gelatina e consegui convencer o governador a aceitá-lo de volta, afinal, pensei, ninguém se perde na volta. Esqueci que esse adágio se aplica aos que realmente se arrependem, jamais aos oportunistas.
Histórias posteriores aconteceram que pretendo relatá-las no meu livro que está em gestação, adiantando que uma editora demonstrou interesse na sua publicação.
Quem quer ser desembargador? Hoje os advogados paraibanos comparecerão às urnas para escolha de seis advogados que comporão uma lista que irá ao Tribunal de Justiça paraibano que guilhotinará três deles e enviará uma lista tríplice para o excelentíssimo governador escolher um, que será o desembargador pelo quinto constitucional da OAB, perfilhando fronteiras com o aguerrido José Ricardo Porto e Joas de Brito.
Lembro aos ilustres colegas que irão votar hoje que um desembargador jamais poderá usar a toga para ser grato com os advogados que o escolheram; porém, da mesma forma, faço o alerta que o desembargador não poderá jamais usar a toga para perseguir e prejudicar aqueles que apenas lhe foram GRATOS.
2 Comentários
PARABÉNS DR. GILBERTO, VERDADEIRAMENTE O SER HUMANO É INGRATO.
BELO ARTIGO.
Verdade!!!