opinião

QUEM SALVA A DOR DOS BAIANOS?

31 de dezembro de 2021
                   1BERTO DE ALMEIDA 
EM  Salvador. Finalmente! Chuva por aqui? Nenhuma.  Sol de praia. Todos  somente  sorrisos. Chamo um uber.  O motorista é conversador como  o barbeiro  dos  meus  tempos  de menino-Jaguaribe.  Tem 60 anos. Ele me diz que  ainda  é  eskatetista.
Agora, porém,  fora  dessa  praia , o seu negócio é  outro. Nadar. Fez uma promessa para nadar 14km. O incentivo dizendo  que se esse é  um sonho  que  pensa  em tornar  realidade que alimente  esse  sonho.  Está  morto quem não sonha.
Ele sorri.
Foi um dos primeiros  a praticar  esse agora esporte  olímpico na Bahia.  Skate.  Não desacredito. Sinto estar  sendo verdadeiro. Aos  sessenta  anos, fazendo  bico na uber,  diz sentir-se “entrevado ” quando chega  em casa. Precisa  exercitar_se.
Vou  ao Pelourinho.  Essa  é  a quarta  vez que a esse “ponto  turístico ” eu vou. A mesma  sensação  de que  estou perdendo  tempo. O meu.  Negros  jogam capoeira  e baianas  fantasiadas  de baiana vendem-se em fotografias aos turistas  que chegam. As fitinhas do Senhor do Bonfim? Quase não  vi. Não estou a fim.
Pausa.  Sim, existe algo diferente. Se não  vi, ouvi. Um som em alto  volume  tocando João  Gilberto.  Nada  de folia. Um  “Chega  de saudade”  cantado como somente ele canta   invade  as  ladeiras  do Pelourinho.
Chovendo  em Salvador? Olho  para um  céu  limpinho  como o quintal  que a minha  mãe  varria  com  a sua vassoura  de sonhos. Enquanto isso, a televisão  insiste  em noticiar  que  a Bahia  está  se “afogando” em água.  Mentira! A chuva  manda  bilhete à  capital baiana. Apenas.
 O Elevador Lacerda  que  carrega  gente  de todos  os  cantos  pra  cima  e pra baixo tem uma fila  maior  que  essa dos  “cadê  os meus 400 reais que vocês  nos  roubaram e roubando continuam  aos milhões “. Eleva a dor  dos baianos.  Triste. Pior: o espaço no elevador  fica  mais apertado  que bomba  de sete tiros. A covid  e o novo   ômicron se refestelam. Mas nenhuma  reclamação.
Escuto  línguas  outras.  Nada porém  de  língua  de porco  ou de vaca. Nem de sogra.  Idiomas.  Nenhuma   porém   reclamando ou filosofando  em alemão. Muitos argentinos.  Os bolivianos a gente vê cara.  Ah, e nas roupas.
Há  prévia carnavalesca no Mercado Modelo de  um Carnaval  que nenhuma autoridade  será capaz  de evitar.  “E quando o vento  sacode cabeleira/a trança  toda  vermelha/um olho  cego  vagueia  procurando por um…”.
Os baianos dançam ao som do  nosso  Zé  Ramalho.  É  contagiante! Turistas  dançam como  patos  fora do Fique  de  Tororó onde nadam  os orixás  de Tatti Moreno. Tá bom. Depois  conto  mais. O ano  que  anunciam  por  aí  como novo chega  com  a cara  de “,dejavi”. Putabraço de ANO NOVO pra vocês.
Em tempo: tudo  Bahia.  escolha de acordo com o seu gosto.

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