João Eduardo Fonseca
Professor e Mestre em Educação Brasileira
Nos últimos dias, a Paraíba e sua capital, João Pessoa, foram manchete nos principais noticiários nacionais sobre a pandemia da COVID 19. O estado, porque registrou o espantoso número de mais de 70 mil idosos que não retornaram para tomar a segunda dose da vacina. A Capital, porque foi palco de tumulto e frustração, quando centenas de pessoas se aglomeraram desordenadamente, desde a madrugada, no Espaço Cultural, sem saber que não havia vacinas disponíveis.
O problema é que essas duas situações não foram apenas episódios isolados que acontecem “normalmente” em casos de calamidade pública. Não! Elas foram a gota d’água num copo cheio da incompetência, de despreparo e, muitas vezes, de descaso de agentes públicos do estado e do município.
Ah, dirão eles, a culpa é do governo federal, que não fornece o número necessário de doses.
É claro que a absurda falta de vacinas é resultado da sabotagem ignorante do Presidente da República, com suas declarações estapafúrdias e fora de lugar, assim como da política insana e genocida de seu desgoverno. Desgoverno esse, aliás, apoiado – nas sombras e, até, à luz do dia – por vários destes senhores e senhoras, e seus respectivos partidos, que, infelizmente, estão hoje presentes no comando das administrações da Paraíba e de João Pessoa. O que eles não percebem e nem entendem é que o povo também aprende com as experiências políticas e sociais. A população não cai mais na lorota usada por gestores incompetentes para fugir das responsabilidades, transferindo a culpa por suas próprias deficiências e omissões para outras esferas de governo. Quem não se lembra da epidemia da dengue, quando muitos governantes, em vez de fazer, e bem, o trabalho para o qual foram eleitos, brigavam entre si para saber se o mosquito era federal, estadual ou municipal!!
O fato – indiscutível e, também, revoltante – é que a população está desorientada pela inépcia de autoridades que – pelos poderes do voto e da lei – deveriam protegê-la, acolhê-la, orientá-la. Nos sites, portais e blogs públicos e privados – estes, aliás, muito bem pagos com dinheiro público generosamente destinado por autoridades do estado e do município – há um monte desordenado de informações que pouco ou nada informam. Para o cidadão comum, é um desafio saber onde, quando e como se vacinar, em segurança, organizadamente, sem riscos e atropelos. As mídias a serviço do Governo e da Prefeitura, ao invés de informar e orientar a população com clareza, cuidado e inteligência, parecem se dedicar mais a fazer o marketing – caro, ruim e disfarçado – de autoridades e dirigentes que, em 2022, um ano eleitoral – não esqueçam! – vão bater nas nossas portas à procura de nossos votos. Esses que estão aí, definitivamente, não merecem!
Enquanto isso, todos os dias, e cada vez mais, perdemos para a pandemia descontrolada parentes, amiga(o)s, vizinha(o)s, colegas, conhecida(o)s.
Como podem dormir tranquilos esses supostos dirigentes, circular por aí com cara de autoridades, se centenas, milhares, de cidadãos idosos precisam se amontoar em filas desorganizadas, desde as primeiras horas da madrugada, se expondo ao risco sério de contágio, para tomar vacinas que não estão lá ou que só vão atender às primeiras 500 pessoas que tiveram a sorte de, por acaso, conseguir uma senha rabiscada num pedaço de papel, distribuída sem critério e sem ordem?
Em meio à maior tragédia sanitária do país, do estado e da cidade, como podem eles se gabar de “a Paraíba isso….a Paraíba aquilo….”, “João Pessoa num sei o quê…João Pessoa num sei que lá…!”, enquanto, de fato e na verdade, vacilam, inseguros e limitados, para adotar as medidas realmente necessárias e eficazes de controle, de atenção e de auxílio? Por que estão fechados em seus gabinetes, enquanto estamos desamparados, desempregados, desinformados? Por que não promovem, prestigiam e bonificam os profissionais da saúde, que arriscam e, mesmo, dão suas vidas, diuturnamente, para cuidar da população? Por que não vão aos jornais e às TVs e anunciam a concessão de um abono salarial a todos os trabalhadores da saúde? Por que não concedem um auxílio extraordinário aos mais necessitados? Por que não cobram de empresas e empresários, de ricos e de grandes fortunas um imposto solidário para enfrentar as dificuldades trágicas da crise? Por que não têm coragem para adotar o isolamento social rigoroso sempre que necessário? Por que não reativam o programa MAIS MÉDICOS, inescrupulosamente desmontado pelos irresponsáveis federais? Por que não investiram e não investem em ações continuadas de atenção primária à saúde da população? Por que não estão diariamente presentes orientando a população, transmitindo-nos segurança, confiança e esperança, prestando contas do que estão fazendo, pensando, planejando?
Nunca precisamos tanto de Governo!
Queremos Governo!
Mas Governo sério, competente, sensível, atuante, incansável, inteligente, criativo, inovador, acolhedor, transparente, capaz, solidário, empático, corajoso, ousado, firme, independente, popular, fraterno, socialmente referenciado e compromissado, confiável, presente, disponível, acessível, empenhado, justo, correto, eficiente, eficaz, inspirador, motivador, honesto, trabalhador, democrático, progressista, aberto, crítico, plural, digno, austero, altivo, igualitário, combativo.
A opinião do articulatista não é, necessariamente, a opinião do blog.
3 Comentários
Só verdades! Parabéns!
O interessante é que estamos avançando, PARA TRÁS.
1 – insiste-se pelo retorno do voto no papel; 2 -para usar o aplicativo da vacina de joão pessoa vc tem que comparecer a uma unidade de saúde e pedir para o empregado fazer manualmente para vc; 3 – não sabem onde estão os 70 mil vacinados de 1ª dose e nós não sabemos onde estão estas doses(que deveriam estar guardadas para a aplicação de 2ª dose); 4 – SÃO, GOVERNO FED. EST E MUN, TODOS DESORIENTADOS E INCOMPETENTES PARA LIDAR COM A COISA PÚBLICA.
LASTIMÁVEL!
Boa!!!