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Quero minha vida de volta

20 de novembro de 2020

Gostaria de ter minha vida antiga de volta. Ela não era tão brilhante assim, mas faz falta. Alguém já disse que só sentimos falta daquilo que já não  é mais nosso. Pois eu agora percebo que era feliz e não sabia.

Na sexta-feira, depois do trabalho, eu dava uma esticada até o Bar de João para tirar a poeira antes do banho reparador.

Lá já me aguardavam Dudu do Manaíra Shopping e por vezes Geordinho de Monteiro para dois dedos de prosa e alguns metros de bebidas.

João, o mineiro que se fez paraibano por amor e que por amor jamais nos deixará, recebia a todos com aquele sorriso matreiro de quem sabe onde está o segredo da vida.

De volta pra casa, encontrava  a sala cheia de filhos, genro e nora a por em dia os assuntos da semana, com direito ao chamego  e a balbúrdia sempre bem vindos dos netos em flor.

Chegava o sábado e lá estava a feira da Torre para as confabulações matinais regadas a cuscuz com bode, com rabada, com carne guisada e com suco de cajá. No tempo de Paulo Mariano a cachaça se integrava ao menu.

Havia as visitas à casa da irmã ao lado do irmão que só avistava nos finais de semana.

Então, veio a quarentena.

Me mandaram para a prisão domiciliar.

Dizem que é pra continuar vivendo.

Uma vida cheia de saudades e de lembranças intermináveis.

Sem data para terminar.

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