Gostaria de ter minha vida antiga de volta. Ela não era tão brilhante assim, mas faz falta. Alguém já disse que só sentimos falta daquilo que já não é mais nosso. Pois eu agora percebo que era feliz e não sabia.
Na sexta-feira, depois do trabalho, eu dava uma esticada até o Bar de João para tirar a poeira antes do banho reparador.
Lá já me aguardavam Dudu do Manaíra Shopping e por vezes Geordinho de Monteiro para dois dedos de prosa e alguns metros de bebidas.
João, o mineiro que se fez paraibano por amor e que por amor jamais nos deixará, recebia a todos com aquele sorriso matreiro de quem sabe onde está o segredo da vida.
De volta pra casa, encontrava a sala cheia de filhos, genro e nora a por em dia os assuntos da semana, com direito ao chamego e a balbúrdia sempre bem vindos dos netos em flor.
Chegava o sábado e lá estava a feira da Torre para as confabulações matinais regadas a cuscuz com bode, com rabada, com carne guisada e com suco de cajá. No tempo de Paulo Mariano a cachaça se integrava ao menu.
Havia as visitas à casa da irmã ao lado do irmão que só avistava nos finais de semana.
Então, veio a quarentena.
Me mandaram para a prisão domiciliar.
Dizem que é pra continuar vivendo.
Uma vida cheia de saudades e de lembranças intermináveis.
Sem data para terminar.
Sem Comentários