Uma apuração do site The Intercept Brasil revelou que mais de R$ 4 milhões arrecadados pelo empresário e ex-coach Pablo Marçal, agora candidato a prefeito de São Paulo, destinados à construção de casas em Camizungo, Angola, foram desviados para duas ONGs sediadas em Prata, um pequeno município de 4 mil habitantes no sertão da Paraíba. As ONGs beneficiadas, Atos e Centro Vida Nordeste, possuem uma ligação controversa com Zé da Banca, um conhecido bicheiro local.
Zé da Banca, que é dono de uma casa de apostas, afirmou ao site que sua atuação na ONG é voluntária. “Nossa vida virou um pesadelo”, desabafou ele, referindo-se ao impacto das revelações na pequena cidade paraibana, onde mais de 50% da população depende do Bolsa Família.
A relação entre Prata e a trama angolana surgiu através de Itamar Vieira, pastor da Igreja Diante do Trono em Angola e amigo de Marçal. Vieira teria convidado o ex-coach para apoiar o projeto em Angola em 2019. A partir desse momento, Pablo Marçal promoveu diversas campanhas de doação, cujo destino final foi parar nas contas das ONGs paraibanas.
A sede da Atos foi descrita como um cenário montado às pressas, com materiais de construção espalhados e banners recém-impressos. Já o Centro Vida Nordeste funciona em uma fazenda de propriedade do ex-prefeito de Prata, João Pedro Salvador de Lima, condenado por improbidade administrativa e envolvido em esquemas de desvio de verbas públicas.
Essas revelações geraram revolta entre os moradores de Prata, que questionam o destino dos milhões arrecadados. “Ninguém consegue acreditar que tem tanto dinheiro passando por aqui, enquanto a cidade continua enfrentando dificuldades”, declarou uma moradora local ao The Intercept Brasil.
ONG SE DEFENDE
O Centro Vida Nordeste e o Instituto Atos Brasil enviaram um pedido de direito de resposta ao The Intercept Brasil após a publicação de duas reportagens, veiculadas nos dias 5 e 19 de setembro de 2024, que trazem informações sobre a atuação das organizações em Angola e a relação com o candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal. A propósito, segundo os representantes das ONGs, contêm informações falsas e sem o devido contexto, prejudicando a imagem das instituições e o trabalho desenvolvido junto às comunidades carentes.
Os pais de alunos e membros das comunidades atendidas pelas ONGs manifestaram grande preocupação após a publicação das reportagens, que apontam supostas irregularidades nas atividades das instituições. Embora as reportagens questionem a transparência da gestão dos recursos e a veracidade dos projetos anunciados, os representantes das ONGs afirmam que todos os recursos foram aplicados de acordo com a legislação brasileira e angolana, e que o trabalho filantrópico realizado em Angola continua beneficiando centenas de famílias.
Em nota, as ONGs enfatizaram que as matérias apresentam uma narrativa difamatória e não se baseiam em provas concretas. Segundo o documento, as reportagens tentam associar às ONGs a práticas ilegais e à promoção de interesses políticos ligados à extrema direita, o que, segundo os representantes, é uma acusação leviana e sem fundamento.
Com o PB Agora e o Cariri Ligado
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