Miguel Lucena
Peguei-me lembrando da feira de Princesa, Paraíba, nos meus tempos de menino. Da tragédia à comédia, de tudo acontecia por lá.
Gente de toda a região, na fronteira da Paraíba com Pernambuco, rumava aos sábados para a feira de Princesa.
Vendia-se de tudo, de manzanas argentinas a cavalos, de quebra-queixo a fumo de rolo.
Houve uma época em que os desafetos deixavam para se vingar no meio da feira, quando a vítima estivesse distraída.
Vi uns soldados serem mortos porque haviam batido na cara de um senhor respeitado na região, passei por perto do corpo de Ciro Cambista, estirado no chão, porque exigiu que o assassino casasse com sua filha, a quem havia desvirginado. Presenciei um guarda do Banco do Estado se livrar de uma carga de revólver pulando feito um cabrito e correndo.
Gostava muito de ver os vendedores de remédios e óleos milagrosos, como o Puraqué e a banha do Peixe-Boi do Amazonas. Curavam sarna, lepra, coceira, panos preto e branco, espinhela caída, bafo de boca e catinga de sovaco.
De tudo o que vi, o que me influenciou mesmo foram os vendedores de cordéis e poetas repentistas. Até hoje guardo-os na memória. E morro de saudades ao lembrar dos encontros que a minha mãe organizava para que eu lesse para os vizinhos, após o jantar, o folheto do Pavão Misterioso ou a Peleja do Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum.
1 Comentário
Hj acho que ja posso dizer isso afinal tem mais de 30 anos, eu vi na feira de Itabaiana até sequestro. O caboclo meteu um revólver na barriga do outro e obrigou a ” vitima” a entrar em um carro que ja aguardava. Entrou quietinho e eu não sei o final da história.