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REPETIÇÃO MACABRA – HospitaI Pedro I troca mais uma vez corpos mortos por COVID-19 mas secretaria de novo bota culpa nas famílias enlutadas 

11 de março de 2021

 


 

Marcos Maivado Marinho 

Apesar de ter divulgado uma nota se eximindo de culpa pela troca de corpos no Hospital Pedro I, esta semana, a Secretaria de Saúde de Campina Grande não consegue esconder mais a negligência com que opera esse tipo de serviço, constrangendo famílias em um momento de caos motivado pela pandemia do coronavírus.

O caso atual, em que a família do paciente Antonio Pereira (63 anos), que morreu afetado por COVID-19, denuncia a troca de corpos no Hospital Pedro I, é apenas um lamentável filme repetido do acontecido em maio do ano passado no mesmo hospital quando uma família de Gado Bravo levou para sepultar um outro defunto que nada tinha a ver com a família enlutada.

Seu Antônio Pereira deu entrada no Hospital Pedro I com Covid, no dia 22 de fevereiro passado. No dia seguinte, o hospital deu alta informando que ele poderia ser tratado em casa com remédio. Dois dias depois, o homem retornou ao hospital após tosse e falta de ar e acabou ficando internado.

Ainda em fevereiro, dia 27, o hospital entregou o celular de Antonio Pereira alegando que ele iria para a área vermelha e que lá não poderia utilizar o aparelho. Porém, a família descobriu que ele estava intubado e em coma induzido. No dia seguinte a família tomou conhecimento de sua morte.

Quando familiares chegaram ao hospital descobriram que o corpo tinha sido enterrado pela família de Agostinho Alves dos Santos, que também morreu no local, e que teria reconhecido o corpo de outro parente.

Antonio Pereira foi enterrado por outra família, em Areia, mas em nota a Secretaria de Saúde responsabilizou o reconhecimento do corpo de forma errada por uma das famílias e informou que abriria sindicância para investigar o que classificou de “equívoco”.

A TROCA DE 2020

Na “troca” do ano passado a Secretaria de Saúde de Campina Grande também se eximiu de culpa na triste ocorrência e apontou que o reconhecimento presencial dos corpos foi feito pelas famílias, conforme determina o protocolo do hospital,  argumentando que “a apreensão diante de uma possível transmissão da COVID-19, além do momento de luto” teria infelizmente contribuído para equívocos por parte dos familiares durante o processo.

O fato é que uma família do município de Gado Bravo passou por delicado vexame quando o corpo de um dos seus parentes foi trocado no necrotério da unidade, informação confirmada na época pela secretária de Saúde da cidade, Francielly Leal.

A funcionária de Gado Bravo explicou que devido ao restrito processo de reconhecimento dos corpos em decorrência da COVID-19 houve uma falha e a unidade de Saúde de Campina Grande acabou enviando o corpo de uma idosa, que também morreu no mesmo dia, para Gado Bravo a fim de que a família realizasse o sepultamento.

O corpo trocado chegou a ser sepultado ainda na segunda-feira de maio pela família do homem de 54 anos. Mas, na tarde da terça (26) a gerência do hospital entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Gado Bravo informando sobre a troca.

O corpo da mulher que na verdade era de Campina Grande, então, teve que ser retirado da cova onde havia sido sepultado e transportado por representantes do Pedro I de volta para a cidade, para ser entregue à verdadeira família.

A secretária de Saúde de Gado Bravo revelou que a situação foi constrangedora, mas a pasta deu todo suporte à família do homem, que era um dos dois moradores da cidade internados em Campina Grande após testar positivo para o novo coronavirus.

Diante de tão inusitada ocorrência, a nota da Secretaria de Saúde de Campina Grande lamentou profundamente, por fim, o ocorrido e garantiu que estava dando todo suporte às famílias envolvidas na resolução da situação, “otimizando também os procedimentos relativos à essa etapa de liberação de corpos das vítimas no hospital”.

Vê-se agora que nada foi feito no hospital para evitar esse tipo de situação e a NOTA da prefeitura campinense é apenas uma mera repetição de uma notícia triste e lastimável, a  denuciar negligência da Pasta.

Segue a NOTA de agora:

NOTA – Secretaria de Saúde de Campina Grande

A Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande traz esclarecimentos a respeito do episódio em que um familiar cometeu equívoco, ao fazer o reconhecimento do corpo de uma vítima da covid-19, no Hospital Municipal Pedro I.

A sobrinha do senhor Agostinho Alves dos Santos identificou o senhor Antônio Pereira de Lima como sendo o seu tio. A própria sobrinha assinou o termo de reconhecimento.

A Secretaria de Saúde reforça que o reconhecimento do corpo é um ato extremamente importante e de responsabilidade do familiar. A Secretaria acredita que a pessoa possa ter cometido o engano, em função do estado de emoção, ao reconhecer o corpo.

Para realizar o procedimento com segurança, a pessoa recebe Equipamentos de Proteção Individual e é acompanhada por um supervisor da unidade hospitalar.

A Secretaria de Saúde informa, ainda, que está tomando todas providências para que os corpos sejam entregues às suas respectivas famílias, para realização do sepultamento.

Por fim, a Secretaria se solidariza com os familiares e esclarece que vai abrir uma sindicância para apurar possíveis responsabilidades de servidores.

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1 Comentário

  • Reply Mercia de Fatima Araujo Goncalves Lima 11 de março de 2021 at 16:12

    Vamos exercer o perdão minha gente. Estamos enfrentando um momento tão dificil, não menos para aqueles que trabalham todos os dias vendo essa tragedia de perto. Acho o momento improprio pra procurar culpados. As palavras pra o momento são : misericordia, perdão e compreensão.

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