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Ricardo Coutinho faz live para mais de 10 mil pessoas

2 de junho de 2020

POR FLÁVIO LUCIO VIEIRA

Como previsível, a transmissão de um bate-papo ao vivo com o ex-governador Ricardo Coutinho, do qual participei junto com o jornalista Tião Lucena, causou os efeitos de um surto psicótico no jornalismo de esgoto paraibano e nos seguidores do defunto político Cássio Cunha Lima, do interminável José Maranhão e do breve Luciano Cartaxo, todos bolsonaristas e, portanto, corresponsáveis pelo desastre humanitário que começa a se abater sobre a Paraíba e sua capital, João Pessoa.

Não é para menos. Quando a live de pouco mais de duas horas terminou, às 21h09, mais de 10 mil pessoas haviam se conectado – isso só pelo Facebook! – para escutar o que o mago tinha a dizer sobre as questões da conjuntura política brasileira e paraibana. Mais de mil comentários foram postados, a ampla maioria favoráveis ao ex-governador, como os exemplos a abaixo, que são uma pequena amostra, podem comprovar.

Claro, a crise provocada pelo coronavírus foi um dos temas que não poderiam deixar de ser tratado. RC analisou o papel do governo Jair Bolsonaro e suas reponsabilidades para o desastre que já está acontecendo no Brasil, que deve ficar apenas atrás dos Estados Unidos em números de mortos provocados pela Covid-19.

Salvar o país e sua economia é incompatível com a manutenção de Jair Bolsonaro no poder

Segundo Ricardo Coutinho, Jair Bolsonaro sempre apostou no “genocídio” da população, principalmente da mais pobre, com a intenção deliberada de produzir o caos e, com isso, abrir caminho para um “auto-golpe”.

Primeiro, subestimando os efeitos graves da doença nas pessoas, depois incentivando que elas se contaminassem para adquirir anticorpos, com suas saídas e contatos em público, com seu negacionismo, com o incentivo à automedicação com hidroxicloroquina, mesmo com os vários estudos científicos mostrando sua ineficiência para tratar a Covid-19.

Além disso, e por conta disso, o Brasil não se preparou minimamente para enfrentar a pandemia. Nem produzir respiradores o país conseguiu fazer.

Ricardo Coutinho mostrou números que revelam o desprezo do governo federal no enfrentamento da pandemia.

Dos R$ 30 bilhões prometidos para o enfretamento, pouco mais de R$ 8 bilhões foram liberados até agora; Bolsonaro prometeu 46 milhões de testes e conseguiu fazer apenas 10 milhões; 14 mil respiradores foram prometidos, e somente foram distribuídos até agora 1.612;  prometeu 3 mil leitos de UTI e entregou 540.

“Ou seja, o governo federal jogou o povo aos leões, condenou a população a morrer às pencas, e a sofrer muito, porque mesmo quem não morrer, vive um sofrimento terrível”, disse RC.

Não bastasse a crise sanitária, o Brasil vive uma grave crise econômica, que começou antes da pandemia, e é fruto do modelo econômico falido e ultrapassado de Pailo Guedes. E uma grave crise institucional provocada pelo atual governo.

Por conta disso, RC conclui que “não há outra saída para defender a democracia, para defender o país, para defender a nação, que é o encerramento desse governo.” Para RC, salvar o país e sua economia é incompatível com a manutenção de Jair Bolsonaro no poder.

Ineficiência e falta de planejamento de João Azevedo

Ao responder a pergunta do jornalista Tião Lucena sobre se a Paraíba estava preparada para enfrentar a situação atual, Ricardo Coutinho começou lembrando que sua experiência de governador e do legado deixado pelo seu governo para a área da saúde, o autorizava a sugerir iniciativas, o que ele fez em três lives durante o mês de março, quando a pandemia apenas começava na Paraíba.

“Talvez as pessoas não saibam que, em 2010, só havia 78 leitos de UTI na rede estadual”, disse, completando em seguida que a rede estadual era a menor das redes, comparando com os leitos existentes nas redes privada e municipal. Oito anos depois, a Paraíba contava com 281 leitos com UTI.

“Nós crescemos 203 leitos de UTI em apenas 8 anos, 260% ou 3,6 vezes mais. Repito: nenhum estado, nem do Nordeste nem do Brasil, teve um crescimento que a Paraíba apresentou nesses anos. E sem pandemia.” Entre 2011 e 2018, todas as redes (privada, municipal e federal) caíram em número de leitos de UTI, só na rede estadual se verificou um crescimento que, comparado ao que o estado antes dispunha, pode ser considerado espetacular, um feito e tanto!

Por isso, a conclusão é inevitável. A Paraíba e seu povo só não estão em situação mais dramática hoje em razão dessa herança deixada pelos oito anos do governo de Ricardo Coutinho, sobretudo quando constatamos que a Paraíba ocupa o 11º lugar entre os 27 estados brasileiros em número de óbitos por Covid-19, o que se deve à ineficiência, falta de planejamento, e mesmo coragem, do governador João Azevedo, e do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, para conduzir as ações de enfrentamento do poder público à pandemia de coronavírus.

Na live, Ricardo listou as sugestões que fez no início de março para o enfrentamento do poder público à pandemia:

  1. Criação de um comitê científico para assessorar o governo e orientar suas decisões.
  2. Criação de um comitê institucional para dividir responsabilidade e atribuições com os outros poderes e órgãos da sociedade civil, como CRM, Conselho Regional de Enfermagem, municípios. Ricardo mencionou como exemplo a “recomendação” do Ministério Público Estadual para que os policiais da Paraíba se abstenham de prender quem descumpra o decreto de lockdown, que desautoriza abertamente o governo do estado.
  3. Exercitar o diálogo com representações dos comerciantes e empresários em geral, para, num esforço de negociação e convencimento, fazer valer a capacidade do governo estadual de coordenar e liderar a sociedade. Ao invés disso, o governador preferiu se esconder dos problemas. “A Paraíba não fez nada disso”.

Para priorar, João Azevedo mentiu para a população ao dizer que iria criar 300 leitos de UTI e 900 leitos gerais. Não haveria, segundo Ricardo Coutinho, nem espaço físico para abrigar esses leitos. “Quando você fala em 900 leitos gerais, fala no equivalente a cinco hospitais metropolitanos!”. O que o governo fez, na realidade, foi disponibilizar os leitos já existentes exclusivamente para o tratamento da Covid-19.

Prova disso é que o governo não conseguiu comprar um único respirador. Não bastasse isso, concentrou os leitos existentes em João Pessoa, deixando o interior praticamente abandonado. E a pandemia avança agora na direção de cidades como Campina Grande, Guarabira e Patos, o que já provoca grande stress nesses nos hospitais desses municípios.

Ricardo se dirigiu diretamente ao setor empresarial da Paraíba.  “Falo aqui com respeito muito grande ao setor empresarial. Eu compreendo o stress que aí está. Agora, eu também sei que não há outro caminho que não seja o isolamento e o lockdown. O problema da Paraíba é que foi feito num tempo totalmente errado”.

Segundo Ricardo, isso tinha que ter sido feito há três ou quatro semanas atrás, para, com mais duas semanas após o lockdown, começar a executar um plano de retomada gradual das atividades econômicas.

“Vai ser um prejuízo para muita gente? Vai, é inevitável. E eu fico imaginando a situação de quem construiu seu negócio perceber que tudo isso pode fugir de suas mãos, que podem abrir falência. É terrível! O mesmo para o ambulante, ou para quem não tem meios para se sustentar. Mas, nós temos algo que é muito mais importante nesse momento, que é derrotar o vírus para salvar o máximo de pessoas. Isso é fundamental, e não tem outra forma de salvar as pessoas, a não ser com o lockdown. Para isso, é necessário ter liderança, comando.”

Sem aguentar a pressão, João Azevedo já anunciou que fará isso daqui a 15 dias, sem saber os resultados do lockdown que acaba de começar. É um conjunto de trapalhadas

Além dessas questões, Ricardo Coutinho tratou do futuro político e das eleições de 2020.  Mas, isso é assunto para outra postagem que publicaremos logo mais.

Quem quiser assitir a live acesso o link abaixo:

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1 Comentário

  • Reply Angela 2 de junho de 2020 at 18:04

    Tem que ser encontrada uma outra denominação para “certos jornalistas” Essa estória de “jornalismo de esgoto”
    é uma ofensa aos dignissimos, e muito honestos, habitantes do lugar: os ratos.

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