Marcos Pires
Diz um ditado que sabedoria demais engole o dono. É verdade e não tenho qualquer simpatia pelos sabidos que querem se aproveitar de esquemas fraudulentos. Ao contrário, vibro quando um desses salafrários encontra alguém mais sabido ainda. Esses esquemas de pirâmide financeira são um exemplo simples. Como alguém pode acreditar hoje em dia em um investimento que renda mais de 5% líquidos por mês? Só se for vendendo drogas.
Não é privilegio nosso. Nos Estados Unidos está preso o bilionário Bernard Madoff, que levou a grana dos milionários americanos aplicando o mesmíssimo esquema da pirâmide e tomando grana de toda Wall Street.
Mas o campeão nessa arte foi Victor Lustig. O cidadão nasceu na antiga Boêmia e começou seus “trabalhos” nos Estados Unidos, onde enganou muita gente tida como bacana e preparada. Chegou mesmo a roubar o famigerado Al Capone. Claro que teve de fugir e foi morar na França, mais precisamente em Paris onde se apresentava como Conde Lustig. Pois bom, esse verdadeiro artista falsificou papeis que o apresentavam como representante do governo francês designado para vender nada menos do que a torre Eiffel. Ele contactou os cinco maiores sucateiros do país e os convenceu de que o negocio teria que ser feito em silencio para não chocar o povo francês. Recebia os interessados na suíte presidencial do mais luxuoso hotel da época e só andava em limusines. Claro que acreditaram nele porque pedia propina para os políticos. Simulou uma concorrência, recebeu a grana e deu no pé.
No Brasil vez por outra esbarramos nesse tipo de notícia. Só que para cada vigarista tem que existir centenas de otários, que são exatamente os “sabidos”.
Se eu fosse abrir meu baú de golpes teria muito a relatar, a começar pelo feijão verde falsificado. Mas não posso terminar sem registar que um empreiteiro, lá nos “antigamentes”, celebrou um aditivo contratual com importante órgão governamental prevendo o reajuste dos preços da obra que construía tendo como base a variação da URV, um índice criado março de 1994. Só que esse aditivo contratual datava de dezembro do ano anterior. Claro que deu errado, né?
Porém, como eu acredito demais nas pessoas, tenho certeza que não houve safadeza. Até hoje chamo esse empreiteiro de profeta, porque descobriu quatro meses antes o que nem mesmo o governo à época imaginava que iria criar.
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