opinião

Saga do Covid 19 – Parte dois

14 de março de 2021

 

Cacilda Lucena

  Em 23 de março de 2020 cheguei com a família, esposo e  filho, a uma cidade do interior para nos afastarmos desse desconhecido vírus. A pandemia tinha sido decretada, a situação causava pavor e por recomendação médica chegamos a morada de passagem, até que tudo fosse explicado, resolvido, que soluções fossem tomadas e que a nossa vidinha retornasse ao normal.

Ledo e infantil engano. A situação piorou, cresceu a quantidade de pessoas infectadas e os óbitos nos amedrontando. O mundo lutava pelo desconhecido e alertava para os cuidados que deveríamos ter, e passamos a viver outra dimensão de vida: máscara no rosto, álcool em gel, álcool a 70% liquido para borrifar tudo ou quase tudo, passei a dar banho em frutas, verdura, com bastante sabão, banho em embalagens de alimentos e em outros borrifadas de álcool embebedando tudo.

Nunca em minha vida imaginei  dar banho em inhame, batata doce, banana, etc,  e que  ia embebedar as embalagens dos alimentos. O coitado do nosso carro toma tanto banho de álcool e lysoform que acho que o mesmo me odeia por esse horroroso hábito que adquiri, as mãos estão tão enrugadas de tanto lavar, tenho a certeza que adquiri um comportamento de toque. Dou banho nas solas dos sapatos com álcool, coloco no sol, as roupas são lavadas com tanta constância que estão perdendo a cor e ficando fubentas. E o pior: não tenho coragem de sair pra comprar peças de substituição.

Nesses dias só restarão os elásticos das cuecas do marido e das calçolas kkkkkkkk, é séria essa situação.

Na minha infância, por conta dos recursos poucos, tínhamos a mania de colocar prego na sandália havaiana pra ela durar mais, e não é que aos meus 63 anos me peguei fazendo isso com a minha sandália que  quebrou a correia! Só vamos a algum lugar se for de extrema necessidade. Não sendo, o delivery nos acode.

Quando isso  irá passar, não sei.

A pergunta é: será que saberei andar por aí, fazendo as coisas de antes?  Tenho a sensação   que vou recomeçar tudo.

  Gente, veja  o que o medo faz: se por acaso surgir uma dor de cabeça, uma dor de garganta, uma tosse inesperada, eu já arregalo os olhos e falo “puts”, o coroca me pegou! É uma neura que não controlo.  Espero  que, quando tudo passar, eu ainda tenha um restinho de miolo.

 

Você pode gostar também

4 Comentários

  • Reply Airton Calado- Campina Grande 14 de março de 2021 at 09:51

    Dona Cacilda vou lhe dar uma dica para consertar a correia do chinelo quando quebrar em vez do prego leve as duas pontas ao fogo quando esquentar cola uma na outra

  • Reply Angela 14 de março de 2021 at 10:02

    Dona Cacilda, a senhora é uma
    mulher feliz: consegue rir até
    da tragédia.

  • Reply Danilo 14 de março de 2021 at 11:36

    Você sem querer descreveu a rotina aqui em casa.

  • Reply Penha 14 de março de 2021 at 13:07

    O perigo é furar o dedo com o prego.

  • Deixar uma resposta

    Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.